Folha de S. Paulo
Caso evidencia como o poder privado se une ao
político para fugir das responsabilidades
Maceió sofre com o afundamento do solo por conta da exploração do sal-gema pela empresa Braskem. A situação chegou a estado de iminente colapso, decretado pela Defesa Civil da capital alagoana. A gravidade do alerta foi reduzida, segundo o órgão, nesta terça-feira (5), mas a área ainda precisa ser evitada. Não é de hoje: em 2019 já se alertava que a mineração da Braskem em área de falha geológica afetara cerca de 20% do território da cidade. Enquanto Maceió afunda a cada dia, a empresa foge da COP28, onde apresentaria seus supostos feitos sustentáveis.
Uma das principais lições do caso da Braskem
é a fragilidade do sistema de responsabilização a atores públicos e privados em
situações de violações massivas ambientais, apesar das existentes regras e
órgãos voltados a avaliar riscos socioambientais. Aprovar o marco legal
vinculante de empresas e direitos humanos é urgente para que empresas como a
Braskem não preencham o abismo que abrem no solo com groselhas autodeclaradas
sustentáveis; fortalecer a resiliência de órgãos de controle municipais e
estaduais à pressão privada é igualmente importante.
Se 20% do Rio de Janeiro ou de São Paulo
estivessem afundando, o Brasil teria parado. Há meia década Maceió afunda e o
país não parou. A gestão do prefeito João Henrique Caldas (PL) fechou acordo
com a Braskem em julho que prevê pagamento de R$ 1,7 bilhão, dando à
empresa "quitação plena, rasa, geral, irrestrita, irrevogável e
irretratável" de quaisquer obrigações.
A prefeitura chegou a saber do risco desde
setembro, noticiou o jornal O Globo com base em documentos sigilosos. O caso da
Braskem evidencia como o poder privado se une ao poder político para, a
despeito de regras e análises de risco, fugir da responsabilidade efetiva. O
escândalo representa o suco do que chamamos de Brasil: o patrimonialismo
privado regado a petroquímicos dentro e fora do Estado e, até ontem, a pouca
visibilidade da dor de milhares de famílias em Maceió.
Um comentário:
Meus prezados, perdoem-me lembrá-los de algo irrisório: a Brasken teve origem nos interesses do Grupo Ultra, dirigido, durante a Ditadura, por um criminoso de guerra nazista (Boilesen) que então dirigia o famoso Grupo Ultra (de ultra-direita! Todos nos lembramos - não sem alguma saudade, do lendário lema "dia sim, dia não, Ultragaz no portão", não?. O nazista dinamarquês Boilese, morto pelas forças revolucionárias brasileiras ao ser metralhado com dezessete tiros, foi o grande financiador e representante da FIESP, a Federação das Indústrias de SP, da OBAN e do DEOPS, órgãos de reconhecido papel na prisão, tortura e morte de milhares de brasileiros. Quem, dentre nós, prezado camarada Gilvan, haverá de nos fazer recordar essa história pregressa q, cada vez mais, vem sendo apagada de nossa história?
Postar um comentário