O Globo
O governo brasileiro reagiu mal nos primeiros
momentos do debate de Elon Musk contra ministros do STF, em vez de deixá-lo
falar sozinho, para os seus radicais
A direita brasileira, com apoio
internacional, está usando as contradições do governo Lula e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar fragilizar o sistema democrático
brasileiro, desacreditando-o perante a opinião pública.
Esse debate do bilionário Elon Musk contra
ministros do Supremo é a continuidade da guerra do ex-presidente Bolsonaro
contra as instituições nacionais, mas só tem consequências porque o governo
brasileiro reagiu mal nos primeiros momentos, em vez de deixá-lo falar sozinho,
para os seus radicais.
A primeira conclusão a tirar é que Musk não é de direita nem de esquerda, ele assume posições quando cheira investimentos rentáveis, seja na China, uma ditadura de esquerda, seja em países governados pela direita, como a Argentina atual e o Brasil de Bolsonaro.
Transformar Musk em um radical de
extrema-direita é distorcer a verdade, e combatê-lo, consequentemente, com as
armas erradas. Incluir Musk num de seus muitos inquéritos foi uma reação quase
infantil do ministro Alexandre de Moraes, que exorbitou da competência por
conexões infinitas entre questões submetidas, inicialmente, ao inquérito das
fake news e, subsequentemente, aos inquéritos das milícias digitais e dos atos
antidemocráticos, que concentra enorme poder no STF.
A abrangência do suposto poder de Moraes é
tão grande que já há piadas dizendo que Musk só escapará dele se for a bordo do
próximo Space X para Marte. O ministro Alexandre de Moraes, por decisão de seus
pares, virou prevento de toda ação que se assemelhe a ataques à democracia,
confundindo ataques pessoais aos institucionais.
A isso se soma uma ampliação do foro
privilegiado, para julgar todos os vândalos de 8 de janeiro de 2023 e, agora,
até os mandantes do caso Marielle. Durante um período da Operação Lava-Jato,
também a Vara de Curitiba comandada pelo então juiz Sérgio Moro tinha esse
poder exacerbado, até que os ministros do Supremo, que durante anos avalizaram
suas decisões, passaram a achar, por circunstâncias além dos autos, que
Curitiba não era a jurisdição adequada para vários casos, anulando todas as
provas e julgamentos. Mas isso pode acontecer no futuro.
Moro levantou o sigilo de uma conversa entre
então presidente Dilma e Lula, e, com base nessa ação considerada depois
ilegítima, permitiu que um ministro do Supremo, Gilmar Mendes, impedisse a
presidente de nomear Lula para a chefia do Gabinete Civil, o que lhe daria foro
privilegiado. O ministro Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos depoimentos
dos Generais sobre a tentativa de golpe, para enfraquecer a defesa de
Bolsonaro. Todos esses movimentos servem para mobilizar o eleitorado de
direita, sem falar nos extremistas que acompanham sempre Bolsonaro, apesar dos
fatos contra ele.
A diferença, neste momento, a favor do
Supremo e do ministro Alexandre de Moraes, é que eles estavam realmente
defendendo a democracia, enquanto Bolsonaro, Musk e os extremistas tentam
desconstruir as instituições brasileiras para favorecer uma rebelião contra o
governo, que consideram “comunista”. Mas, quando a presidente do PT, Gleisi
Hoffmann, volta da China com uma entourage dizendo que por lá vigora uma
“democracia efetiva”, é sopa no mel para os bolsonaristas. Quando Lula diz que
na Venezuela há “democracia até demais”, e reage tão suavemente à armação
eleitoral que o ditador Maduro arma para permanecer no poder, confirma a visão
extremista que luta para tirá-lo do poder.
Lula só se elegeu em 2022 porque prometeu um
governo de união nacional, e hoje está isolado dentro do Congresso, pois montou
um governo de esquerda com uma aparente coalizão democrática que não tem
sustentação real.
Um comentário:
É,a gente colhe o que planta.
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