sexta-feira, 21 de junho de 2024

Eliane Cantanhêde - Política de ocupação

O Estado de S. Paulo

O olho gordo de Lula sobre Banco Central e Petrobras é o famoso ‘tiro no pé’

O presidente Lula patrocinou uma cena que simboliza a ocupação da Petrobras, ao ir à posse de Magda Chambriard com a primeira-dama, sete ministros e presidentes de bancos estatais, exatamente quando aprofunda a investida sobre o Banco Central, seu atual presidente e sua autonomia, conquistada por consenso e comemorada depois de muitos anos de debates.

O que significa? Que Lula se acha “dono” de estatais e bancos públicos? Na posse, ele fez loas à estatização e reduziu a Lava Jato a uma ação para o “desmonte da Petrobras”, enquanto a nova presidente da companhia – a oitava em oito anos – dizia que está “totalmente alinhada” com Lula e vai manter firme a exploração de combustíveis fósseis, justificando: “O petróleo vai financiar a transição energética”. É polêmico...

Ainda bem que a ministra Marina Silva não estava lá, inclusive porque o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), cada vez mais próximo de Lula e decisivo na queda do petista Jean Paul Prates da Petrobras, deixou claro que a exploração de petróleo na Margem Equatorial do Amazonas é “a visão majoritária no governo”. Ou seja: de Lula, às vésperas da COP em Belém.

Enquanto Lula reafirmava suas intenções intervencionistas na Petrobras, o Copom encerrava o ciclo de quedas dos juros. A manutenção de 10,5% já era esperada, até antecipada pelo Boletim Focus do BC. A dúvida passou a ser sobre o placar. Deu 9 a zero, resultado interpretado como autodefesa do BC. Ao condenar os juros altos na véspera, comparar Campos Neto a Sérgio Moro e dizer que ele “trabalha contra o País”, Lula pode ter obtido um efeito bumerangue: os quatro diretores que ele indicou garantiram a unanimidade, para demonstrar independência política.

Lula, porém, voltou à carga no dia seguinte, declarando que “foi uma pena o Copom manter (a taxa, que caía desde agosto), porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro”. A decisão do BC, porém, foi técnica, diante de circunstâncias externas e internas, como a insegurança quanto às contas públicas – uma responsabilidade do governo.

“O Meirelles tinha autonomia tanto quanto tem esse rapaz, mas o Meirelles era um cara que eu tinha direito de tirar”, disse Lula à Rádio Verdinha, do Ceará, comparando o presidente do BC dos seus primeiros mandatos, Henrique Meirelles, a Campos Neto. No fundo, no fundo, gostaria de poder demitir os presidentes do BC com a facilidade com que demitiu Prates da Petrobras. Vai crescer o movimento no Congresso para rever a autonomia do BC. Mais um debate desgastante que cai como uma luva para a oposição. O famoso tiro no pé.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Já vimos esse filme antes . Com a Petrobras e o Banco Central na mão ele vai deitar e rolar na gastança e na corrupção

Anônimo disse...

Plano do Lula é manter os combustíveis Com preços estáveis , mesmo com o preço do petróleo internacional subindo, até a bomba explodir como vimos no governo Dilma
Sonho também com juros baixos para estimular o consumo desenfreado , aumentando o endividamento da sociedade que já anda altíssimo

ADEMAR AMANCIO disse...

Carácoles!