Folha de S. Paulo
Embora comuns, brigas internas no PT, no
momento, atrapalham Lula e servem à oposição
Disputa
interna não é novidade no PT. Desde que se
entende por gente, há 45 anos, o partido vive embates entre as várias
correntes. Antes de ser governo, os petistas faziam grandes reuniões abertas
onde pegavam fogo as escaramuças e, no fim, salvavam-se todos sob a liderança
de Luiz Inácio da Silva.
Dava gosto de acompanhar. Era o único que fazia esse exercício de vivacidade partidária em público. Ali era possível captar notícias e perceber o que estava em jogo nas internas a fim de compreender as ações externas da maior força de oposição.
Ao virar situação, a partir de 2003, o PT
extinguiu a prática e já o primeiro encontro após a eleição de Lula, no hotel
Hilton, em São Paulo, foi a portas fechadas. Sem acesso a fontes primárias,
ficávamos na dependência das versões dadas pelas diversas alas.
Mesmo assim, ainda se podia tomar
temperaturas e captar interesses. Naquela ocasião, por exemplo, numa conversa
de corredor com o hoje senador Jaques Wagner (BA),
o já falecido José
Eduardo Dutra (SE) e o então deputado José
Genoino (SP) deu para entender a importância política que teria
a Petrobras.
Dutra e Wagner eram cotados para a
presidência do PT, mas não queriam o encargo (chamavam de fardo). Preferiam o
comando da petrolífera, dado o poder da companhia para muito além das
fronteiras da legenda.
Um partido que viva só de ser governo, sem
tensões e distensões, tende a ser enfraquecer na entressafra de poder. Caso bem
visível é o do PSDB.
O atrito tem seu papel, mas também tem hora e
lugar. Agora não poderia haver pior momento para o PT se deixar enredar
numa série
de trombadas não só entre alas divergentes, mas
no seio da corrente majoritária, a Construindo um Novo Brasil, que impõe
forte resistência a Edinho
Silva (SP), tido como o predileto de Lula para presidir a legenda.
O governo está em baixa, sob sorrisos
satisfeitos da oposição, e o PT não explica se a briga é pelo controle do
caixa, por espaço ou discordância de rumo. Pode ser agonia diante do presente
adverso e do futuro incerto.
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