O Globo
Eduardo Bolsonaro trocou o trabalho em
Brasília por uma temporada de férias nos Estados Unidos. O Zero Três informou
que pediu licença da Câmara. Partiu sem marcar data para voltar ao batente.
O anúncio causou surpresa até no PL. O
deputado estava em campanha para presidir a Comissão de Relações Exteriores.
Queria usá-la como tribuna para defender o pai, prestes a virar réu por
tentativa de golpe.
Há três semanas, deputados do PT pediram a
apreensão do passaporte de Eduardo. Alegaram que ele tentava usar seus contatos
nos EUA para obstruir investigações e interferir em instituições brasileiras.
No vídeo divulgado ontem, o Zero Três indicou que os adversários tinham razão. Ele voltou a atacar a Polícia Federal, chamou integrantes do Supremo de “psicopatas” e avisou que sua nova “meta de vida” é retaliar o ministro Alexandre de Moraes. Mais tarde, escancarou suas intenções ao dizer que “a solução vai vir aqui dos EUA para resgatar nossas liberdades no Brasil”.
O filho de Jair Bolsonaro sempre tentou ser
notado pela extrema direita americana. Quando o pai estava no poder, fez lobby
para virar embaixador em Washington. A nomeação não saiu, mas ele conseguiu se
aproximar de figuras como o ideólogo Steve Bannon.
Desde o início do ano, Eduardo viajou quatro
vezes para os EUA. Descolou um convite para a posse de Trump e um comunicado do
Departamento de Estado com críticas a decisões do Supremo que impuseram multas
e bloqueios à rede X, de Elon Musk.
O comício do último domingo mostrou que a
família Bolsonaro perdeu capacidade de mobilização. O ex-presidente havia
prometido reunir um milhão de seguidores em Copacabana. Só juntou 18 mil,
segundo medição de pesquisadores da USP. O fiasco complicou o plano de
emparedar o Congresso para aprovar uma anistia aos golpistas. Isso ajuda a
entender o factoide do exílio voluntário nos EUA.
Quando o clã estava por cima, o Bananinha
ameaçava chamar um soldado e um cabo para fechar o Supremo. Agora que o pai se
vê em apuros, ele tenta posar de perseguido político.
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