O Estado de S. Paulo
No meio do caminho entre Câmara e Supremo, anistia e blindagem passam pelo Senado
Quem diria? O mundo e o Brasil andam tão
desnorteados, sem rumo, que a onda antigolpista agora é: “Alcolumbre, venha nos
salvar!”. Do quê? Da enxurrada de absurdos que vêm da Câmara, embolando
antipatriotismo, imoralidades e ilegalidades para trocar os interesses do
Brasil por acordos que possam colocar Jair Bolsonaro, generais, almirante e
deputados e senadores acima da lei, por anistia ou blindagem.
Antes de chegar ao Supremo, onde seriam (ou serão) derrotadas, a PEC da Blindagem (para livrar parlamentares de investigações sobre corrupção) e qualquer proposta de anistia ampla para o “núcleo crucial” do golpe (liderado por Bolsonaro) terão de passar pelo Senado. A esperança, a última que morre, é que os senadores segurem os abusos da Câmara.
Último presidente na ditadura, o general João
Figueiredo reagia à pressão popular e institucional pelas “diretas-já” e a
redemocratização com um jargão: “Chama o Pires!” Uma ameaça de por os militares
na rua, já que o general Walter Pires, ministro do Exército, era da linha dura.
Hoje, os golpistas não têm um Pires para chamar. Neto do então presidente, o
blogueiro Paulo Figueiredo foi “chamar o Trump” contra a democracia brasileira.
Se ele e o deputado desertor Eduardo
Bolsonaro chamam o Trump, os defensores da Constituição e da democracia não
conseguem “recorrer ao Papa”, estão roucos de tanto “chamar o Xandão” e agora
esperam, ou torcem, para que Alcolumbre tenha força suficiente para colocar o
Senado como anteparo a projetos contra o STF e rechaçados pela sociedade.
Se Alcolumbre terá sucesso, não se sabe, mas
o Senado sinaliza que não compactua com a sublevação insana da Câmara,
comandada pelo PL e executada pelo Centrão, com o objetivo de inocentar quem
não é inocente – seja Bolsonaro, militares ou os próprios parlamentares alvos
de processos.
O presidente da CCJ no Senado, Otto Alencar,
diz que a PEC da Blindagem não “passa de jeito nenhum, tem de ser enterrada,
destruída”. E Alcolumbre, depois de longo silêncio, talvez para refletir bem,
deixou claro que não é um Hugo Motta, presidente da Câmara, e não vê com bons
olhos a anistia.
Mirando Eduardo Bolsonaro, Alcolumbre gritou:
“Não dá para eu ver todos os dias um deputado federal do Brasil, lá nos EUA,
instigando um país contra o meu País. Não dá para aceitar todas essas agressões
calado”. É bom mesmo que ele grite contra a anistia e mande a blindagem para
Otto Alencar, já que o governo Lula está sem voz. Não custa lembrar, porém, que
o presidente do Sena dotem poder limitado eéo reidas emendas. No fundo, a PEC
da Blindagem pode lhe cair muito bem. •
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