quarta-feira, 6 de agosto de 2008

DEU NA FOLHA DE S. PAULO


UM PROJETO, TRÊS MODOS DE USAR
Clóvis Rossi


SÃO PAULO - Cruzaram-se na segunda-feira, em Buenos Aires, três presidentes com um sonho comum, mas com maneiras de entendê-lo diferentes, uma delas bastante diferente, aliás. O sonho é o da integração sul-americana (ou, mais amplamente, latino-americana).Os presidentes -e seus modos de sonhar o sonho- são:

1 - Luiz Inácio Lula da Silva - Não escondeu que quer fazer da América do Sul um conglomerado tão integrado quanto a Europa, nominalmente citada como "beleza". Mas essa América do Sul servirá para integrar-se ao mundo, com mais força, pelo menos teoricamente. Não por acaso, Lula lembrou que só Brasil e Argentina juntos têm 230 milhões. Poucos países abrigam tanta gente. Menos ainda contam com um setor agrícola tão competitivo como os dois sócios principais do Mercosul, fato também lembrado por Lula.

2 - Hugo Chávez - A idéia de um destino comum é idêntica. Em comício na noite de anteontem, ao lado da presidente Cristina Fernández, chegou a dizer que Argentina e Venezuela são um só país. Mas a integração funciona, na sua cabeça, como antídoto aos venenos do capitalismo. A "Pátria Grande" latino-americana integrar-se-ia a partir do socialismo do século 21. Enquanto Lula pensa em cooperação, Chávez fala em confronto.

3 - Cristina Fernández de Kirchner fica no meio do caminho. No atacado, segue o projeto Lula, desde que a Argentina tenha tempo e condições para recuperar sua indústria, dizimada, é sempre bom lembrar, não pelos Kirchner nem por políticas esquerdistas, mas pela direita.Nas presentes condições de temperatura e pressão, se algum desses projetos tem chance de emplacar, é o de Lula. Nele cabe o de Cristina, mas não o de Chávez. Nem é juízo de valor. São fatos da vida.

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