quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ataque à homofobia acaba virando crítica à Cidade da Música

DEU NO JORNAL DO BRASIL

Um último e ácido embate. As- sim pode ser definido o confronto entre a candidata Solange Amaral (DEM) e o bispo da Universal Marcelo Crivella (PRB). Ao contrário de todos os outros participantes, a pupila do alcaide Cesar Maia foi a única que tirou da cartola o dever de casa: o artigo do senador "Perigo para as famílias", publicado em novembro do ano passado, onde Crivella defende o direito de poder declarar que não gosta de algumas posturas de homossexuais e, por isso, é contrário ao PLC 122/2006, que tramita no Senado e já foi aprovado na Câmara dos Deputados, que criminaliza a homofobia.

Ao fim do artigo, o bispo convida a população a ir para as ruas protestar caso o projeto seja aprovado e sancionado pelo presidente Lula. ­ Engenheiro, bispo da Igreja Universal. Marcello Crivella, o senhor quer ser prefeito do Rio de Janeiro e diz que vai chamar o povo pra ir às ruas pra se opor. Vai chamar a população e dizer que devemos ir às ruas? Dizer que vai às ruas protestar por uma Lei que a Câmara aprovou. Queria ouví-lo sobre isso. Fiquei impressionada ­ diz Solange.

A resposta de Marcelo Crivella foi seca, imediata e provocou risos. ­ Continue impressionada. Eu falei do PLC 122 do Senado, que é uma excrescência. O Célio Borja já se manifestou sobre isso e diversos juristas porque fere direitos que antecedem até a lei civil. Sobrepõe o direito à liberdade de expressão. Ninguém pode ter no país a obrigação de concordar que não se pode criticar o homossexualismo.

Com o tradicional tom de voz baixo e calmo, completou: ­ Não falo do homossexual, mas do homossexualismo. Não acho que este seja o melhor caminho para o ser humano. Tenho minha consciência pautada pelos princípios cristãos de que este não é o melhor caminho para o ser humano. Falo como pai.

Surpresa, Solange não conseguiu desconstruir o discurso do bispo e insistiu ser o mais importante no artigo o fato de ele ter convocado a população para ir às ruas. Na tréplica, Crivella alfinetou Cesar Maia. ­

Grave é deixar de fazer política pública. Ao invés de se preocupar com a educação das crianças, com a dengue, de fazer um projeto que contenha a favelização, construímos a Cidade da Música com um custo altíssimo e atravessamos a rua e o Lourenço Jorge está em péssimas condições. O debate aqui não passa pelo tema que a senhora levantou.

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