quarta-feira, 1 de abril de 2009

Omissão do PT revela ação política da PF com a conivência de um juiz, diz Freire

Valéria de Oliveira
DEU NO PORTA DO PPS


"A revelação de que o PT foi omitido no relatórioda Operação Castelo de Areia não deixa dúvida sobre o uso político que a Polícia Federal e o juiz Fausto de Sanctis fizeram de um caso de corrupção", disse o presidente do PPS, ex-senador Roberto Freire, nesta terça-feira. Além do PT, citado em e-mails interceptados na investigação, PTB e PV ficaram fora do relatório.

As informações sobre a investigação foram vazadas para a imprensa, mas os partidos de oposição é que foram os principais prejudicados, já que sobre eles ficou a pairar a suspeita de recepção de doações ilegais para campanhas eleitorais vindas da empreiteira Camargo Corrêa, conforme deu a entender o texto do juiz De Sanctis. Quando estourou o caso na mídia, o PT foi preservado.

Polícia política

"Corremos o risco de ter entre nós uma polícia política; tudo isso facilitado por um juiz", advertiu Freire. Pelo conteúdo do processo, ele acredita que as doações a partidos citadas nas conversas e e-mails interceptados podem ter sido feitas dentro da lei, porque nelas havia a cobrança de recibos. "A impressão que ali dá é de que era legal".

Corrupção em refinaria

"Por trás da operação espetacular das doações de campanha está a corrupção na construção da refinaria de petróleo de Abreu e Lima, em Pernambuco", acrescenta Freire. O Tribunal de Contas da União analisou as contas da obra, orçada em R$ 9 bilhões, detectou superfaturamento e desvio de recursos e já determinou a interrupção de repasses de recursos por causa das irregularidades. Somente em terraplanagem e asfaltamento teriam sido superfaturados R$ 53 milhões. O consórcio vencedor da licitação pediu R$ 23 bilhões para executar o serviço.

Freire questiona as matérias veiculadas pela mídia que criticam o fato de o filho de um dos ministros do TCU trabalhar na Fiesp (Federação das Indústrias de S]ao Paulo). "Afinal, foi o TCU quem denunciou a corrupção na refinaria; qual é o problema de o filho de um ministro trabalhar na Fiesp? Se o TCU tivesse liberado a verba, poderíamos desconfiar; mas, não, foi ele quem denunciou as irregularidades e impediu mais repasses".

O presidente do PPS elogiou o trabalho da desembargadora Cecília Mello, de São Paulo, que "consegue trazer o feito à ordem". Ela desqualificou as alegações do juiz De Sanctis e afirmou que ele autorizou a operação com base em suspeitas e ilações (leia). Freire disse que é preciso acabar com a idéia de justiceiros, em vez de juízes.

A suspeita infundada

A PF investiga desvio de recursos repassados à construtora para obras do governo federal, como a Refinaria Abreu de Lima, em Pernambuco. Um suposto esquema de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos para o exterior, estimado em R$ 20 milhões, também é alvo da operação. No decorrer da investigação escutas ilegais captaram conversas entre diretores da empresa e intermediários com relação a doações de recursos para partidos. Num desses "grampos", o PPS é citado como beneficiário de uma divisão de recursos da empreiteira doados para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Segundo o diálogo, de R$ 200 mil que teriam sido repassados para o político, R$ 100 mil teriam sido dividos entre PSB, PDT e PPS.

O próprio senador confirmou o recebimento dos recursos e provou, através de recibos, se tratar de docação legal. Segundo comprovou, a Camargo Corrêa fez dois depósitos, cada um no valor de R$ 100 mil, na conta do Diretório do PSDB no Pará.

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