DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Eleição de amanhã, à qual o ex-guerrilheiro chega como favorito, encerra o período de "carta branca" para a Frente Ampla
Para o pesquisador Óscar Bottinelli, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle perdeu o status de grande estadista durante a atual campanha
Silvana Arantes
Eleição de amanhã, à qual o ex-guerrilheiro chega como favorito, encerra o período de "carta branca" para a Frente Ampla
Para o pesquisador Óscar Bottinelli, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle perdeu o status de grande estadista durante a atual campanha
Silvana Arantes
Enviada especial a Montevidéu
A eleição presidencial no Uruguai, que realiza amanhã o segundo turno entre o candidato de esquerda José Mujica (Frente Ampla) e o de centro-direita Luis Alberto Lacalle (Partido Nacional), manterá a coalizão de esquerda no poder, mas remodelará o jogo de forças partidário.
A opinião é do analista político Óscar Bottinelli. "Mujica fará um governo mais normal em termos de negociação política do que foi o de Tabaré Vázquez [atual presidente], que teve carta branca da coalizão", diz.
O analista é também professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade da República e diretor do instituto de pesquisas Factum. Segundo levantamento do instituto, Mujica será eleito com 51% dos votos, contra 42% de Lacalle.
O respaldo partidário ao presidente é fundamental no Uruguai, onde vigora o sistema "semiparlamentar", como assinala Bottinelli. O mandatário depende do aval do Congresso para designar ministros e dirigentes das empresas estatais.
Vázquez governou enquanto a Frente Ampla tinha maioria absoluta no Parlamento e apoiou sem condições suas escolhas. Bottinelli estima que, embora Mujica tenha tomado de Vázquez a presidência do partido, não desfrutará da mesma "carta branca" e terá de compor com diversos setores do partido, inclusive o de seu vice, Danilo Astori, derrotado por Mujica nas primárias.
A Frente Ampla voltou a garantir maioria parlamentar nas eleições de 25 de outubro. Embora vitorioso, o partido governista teve votação menor do que na eleição anterior, tendo caído de 52 deputados para 50. O professor vê nessa queda "a expressão da discordância de parte do eleitorado com o governo". Um dos fatores de desgaste da gestão Vázquez seria sua "nula capacidade para negociar com a oposição", diz.
EstadistaA mensagem que os eleitores enviaram ao candidato opositor foi mais dura. Lacalle, que foi presidente entre 1990 e 1995, "perdeu a imagem de maior estadista uruguaio em atividade, que tinha antes da eleição", avalia Bottinelli.
Além de encolher -de 34% dos votos na eleição de 2004 para 29% no primeiro turno neste ano-, o Partido Nacional viu seu mais tradicional rival, o Partido Colorado, "que parecia destinado ao desaparecimento", conforme diz Bottinelli, emergir fortalecido das urnas. Os colorados subiram de 10 para 17 em número de representantes no Parlamento.
"Na segunda-feira, é provável que o Partido Nacional entre numa fase de dificuldades internas grandes e questionamento à liderança de Lacalle", diz o analista. Se confirmada sua derrota na disputa presidencial, Lacalle assumirá como senador, acumulando a presidência de seu partido.
Ontem, os candidatos passaram o dia descansando. Há veto à propaganda eleitoral às vésperas da eleição. Para hoje, preveem encontro com a imprensa estrangeira. Lacalle se reúne também com observadores internacionais do pleito.
A eleição presidencial no Uruguai, que realiza amanhã o segundo turno entre o candidato de esquerda José Mujica (Frente Ampla) e o de centro-direita Luis Alberto Lacalle (Partido Nacional), manterá a coalizão de esquerda no poder, mas remodelará o jogo de forças partidário.
A opinião é do analista político Óscar Bottinelli. "Mujica fará um governo mais normal em termos de negociação política do que foi o de Tabaré Vázquez [atual presidente], que teve carta branca da coalizão", diz.
O analista é também professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade da República e diretor do instituto de pesquisas Factum. Segundo levantamento do instituto, Mujica será eleito com 51% dos votos, contra 42% de Lacalle.
O respaldo partidário ao presidente é fundamental no Uruguai, onde vigora o sistema "semiparlamentar", como assinala Bottinelli. O mandatário depende do aval do Congresso para designar ministros e dirigentes das empresas estatais.
Vázquez governou enquanto a Frente Ampla tinha maioria absoluta no Parlamento e apoiou sem condições suas escolhas. Bottinelli estima que, embora Mujica tenha tomado de Vázquez a presidência do partido, não desfrutará da mesma "carta branca" e terá de compor com diversos setores do partido, inclusive o de seu vice, Danilo Astori, derrotado por Mujica nas primárias.
A Frente Ampla voltou a garantir maioria parlamentar nas eleições de 25 de outubro. Embora vitorioso, o partido governista teve votação menor do que na eleição anterior, tendo caído de 52 deputados para 50. O professor vê nessa queda "a expressão da discordância de parte do eleitorado com o governo". Um dos fatores de desgaste da gestão Vázquez seria sua "nula capacidade para negociar com a oposição", diz.
EstadistaA mensagem que os eleitores enviaram ao candidato opositor foi mais dura. Lacalle, que foi presidente entre 1990 e 1995, "perdeu a imagem de maior estadista uruguaio em atividade, que tinha antes da eleição", avalia Bottinelli.
Além de encolher -de 34% dos votos na eleição de 2004 para 29% no primeiro turno neste ano-, o Partido Nacional viu seu mais tradicional rival, o Partido Colorado, "que parecia destinado ao desaparecimento", conforme diz Bottinelli, emergir fortalecido das urnas. Os colorados subiram de 10 para 17 em número de representantes no Parlamento.
"Na segunda-feira, é provável que o Partido Nacional entre numa fase de dificuldades internas grandes e questionamento à liderança de Lacalle", diz o analista. Se confirmada sua derrota na disputa presidencial, Lacalle assumirá como senador, acumulando a presidência de seu partido.
Ontem, os candidatos passaram o dia descansando. Há veto à propaganda eleitoral às vésperas da eleição. Para hoje, preveem encontro com a imprensa estrangeira. Lacalle se reúne também com observadores internacionais do pleito.
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