segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ação do BNDES se dá por aportes a grandes grupos

Atuação do banco nos negócios com frigoríficos causa controvérsias, sobretudo pela falta de transparência

Alexandre Rodrigues

Muitas participações do BNDES são consequência da conversão de títulos, outro instrumento usado pela BNDESpar para apoiar companhias, principalmente para buscar aquisições. Exemplo recente é o da Hypermarcas, que recebeu aporte de R$ 1,1 bilhão do BNDES por meio da subscrição de debêntures.

A operação serviu para financiar a compra do laboratório Neo Química e manter o interesse da Hypermarcas por ativos do setor farmacêutico, onde o governo quer ter empresas nacionais mais fortes.

Em muitos casos, o objetivo do BNDES é aumentar a musculatura da empresa para promover sua internacionalização. É o caso da Oi, na qual atuou como sócio em favor da fusão com a Brasil Telecom e, mais recentemente, do ingresso da Portugal Telecom no capital da tele, o que aumentou suas chances de atuação no exterior, especialmente na América Latina e na África.

Controvérsias. Sem dúvida é a atuação no banco como sócio de frigoríficos que levanta mais controvérsias. O suporte financeiro aos grupos Marfrig e JBS Friboi por meio de debêntures e participações acionárias já viabilizaram negócios dos dois grupos no Brasil (caso da compra da Seara pelo Marfrig ou do Bertin pelo JBS) e no exterior (como as aquisições das americanas Keystone pelo Marfrig, e Pilgrim"s Pride, pelo JBS). O banco é acusado de escolher campeões.

Embora o suporte à consolidação e internacionalização no setor de carnes seja uma diretriz clara da política industrial, as críticas à atuação do BNDES no setor são alimentadas pela baixa transparência em relação aos critérios usados para escolher os grupos beneficiados. O diretor da área de mercado de capitais do BNDES, Eduardo Rath Fingerl, tem recusado entrevistas.

É o giro e os dividendos da carteira da BNDESPar que aumentam o caixa do banco para novas aquisições. Entre 2009 e 2010, a subsidiária do banco de fomento arrecadou mais de R$ 4 bilhões com a venda de papéis de empresas como CSN, Light, LLX, Oi, Banco do Brasil, Rio Polímeros.

Em dividendos, arrecadou em 2010 quase R$ 1 bilhão da Petrobrás e R$ 280 milhões da Vale.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um comentário:

Anônimo disse...

sobre o assunto, sugiro dar uma olha no artigo do mauro santayana, do JB, publicado em seu blog, sob a ótica do BNDES, o futuro do Brasil e a competição externa:

http://www.maurosantayana.com/2011/08/os-ataques-ao-bndes-e-o-futuro-do.html