segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Suspeita de fraude acirra disputa por controle da Caixa

Líderes do PMDB apontam PT como corresponsável por problemas que ajudaram corretora a lucrar no mercado

Palácio do Planalto teme consequências da rixa entre os dois maiores partidos de sua base no Congresso

Maria Clara Cabral

BRASÍLIA - A suspeita de fraude de R$ 1 bilhão na Caixa Econômica Federal, revelada ontem pela Folha, intensificou a disputa entre PT e PMDB pelo controle do banco estatal.

O caso foi considerado grave no Palácio do Planalto, que teme as consequências da rixa dos dois principais partidos que apoiam a presidente Dilma Rousseff no Congresso.

Na sexta-feira, Dilma recebeu o presidente da Caixa, Jorge Hereda, que narrou a ela sua versão do episódio.

Para acalmar os ânimos, interlocutores de Dilma procuraram o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para dizer que não há interesse do Planalto no acirramento da crise e pediram para que ele atue junto ao seu partido.

Graças a uma omissão no sistema de informações da Caixa, uma corretora vendeu papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor por preços acima do mercado.

A omissão ocorreu em departamento vinculado à vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, há anos ocupada pelo PMDB.

Na época das transações, o posto era comandada por Moreira Franco (PMDB), atual ministro de Assuntos Estratégicos e um dos braços direitos de Temer.

Seu substituto foi Flávio Cleto, apadrinhado do PMDB, que está no posto até hoje, mas que tem a recondução ao Conselho Curador do FGTS ameaçada por pressão do PT.

O conselho é um órgão poderoso, que define a destinação de verbas como os R$ 24 bilhões que o fundo tem para investimentos.

Ele é desafeto político do petista Hereda, a quem os peemedebistas já apontam nos bastidores como corresponsável pelos problemas detectados nas transações.

As vendas suspeitas de papéis da dívida pública por preços acima do mercado ocorreram entre 2008 e 2009.

Investigação da Caixa e inquérito na Justiça apontam a corretora carioca Tetto como responsável por elas. No período, o sistema de informações da Caixa saiu do ar, segundo o banco, por erro de uma empresa terceirizada.

Líderes do PMDB avaliaram ontem que o que possibilitou a venda foi um "erro sistêmico" do banco, que não poderia ser atribuído apenas a uma área.

O PT se queixa da atitude do partido aliado. "A gestão de um empresa como essa recomenda unidade política e administrativa em torno de seu presidente", afirmou o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).

Integrantes do PMDB negam relação com a fraude. Moreira Franco diz que o problema foi identificado após sua saída do cargo.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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