O relator do mensalão no STF, Joaquim Barbosa, votou pela condenação do delator do esquema, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), por corrupção passiva.
Ele entendeu que os R$ 4,5 milhões recebidos por Jefferson e outros membros do PTB "de modo algum podem ser caracterizados como mera ajuda de campanha".
Jefferson, que teve o mandato cassado em 2005 pela Câmara, nega ter participado do esquema e afirma que o dinheiro se devia a acordo eleitoral com o PT.
O relator também votou pela condenação do deputado Valdemar Costa Neto (PR) por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Seu partido a época, o PL, recebeu R$ 11 milhões, de acordo com o ministro.
Barbosa pediu que a análise do crime de corrupção ativa contra os réus do PT seja adiada, que deve ocorrer na semana que antecede as eleições.
Relator vota pela condenação de Jefferson
Petebista detonou o escândalo ao dizer, em entrevista à Folha, que havia esquema de compra de votos pelo governo
Barbosa entende que, apesar de ter delatado o mensalão, ex-deputado também obteve verba para apoiar o Planalto
Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão e Nádia Guerlenda
BRASÍLIA - O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, votou ontem pela condenação do delator do esquema, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
O ministro entendeu que ele também recebeu recursos ilícitos do PT para garantir o apoio de seu partido ao governo Lula.
Há pouco mais de sete anos, Jefferson disse à Folha que o PT, sob o comando do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, havia organizado um esquema de distribuição de recursos para compra de apoio no Congresso.
Acusado de não ter provado a acusação, além de ter recebido dinheiro, Jefferson teve o mandato cassado pela Câmara em 2005.
Barbosa entendeu que os R$ 4,5 milhões recebidos por Jefferson e outras pessoas de seu partido de "modo algum pode ser caracterizado como mera ajuda de campanha".
O ex-deputado nega ter participado do esquema e diz que dinheiro se devia a acordo eleitoral com o PT.
"Pagamento desse montante em espécie para um presidente de partido, com notório poder de influenciar os votos de sua bancada, equivale, sem dúvida, a prática corrupta", disse Barbosa.
Apesar de ainda não estar em análise a acusação de corrupção contra a cúpula do PT, incluindo Dirceu, o ministro deixou claro que pelo menos o ex-tesoureiro Delúbio Soares deverá ser condenado.
O ministro ainda não terminou a análise sobre o papel de Jefferson, votando ontem só o caso de corrupção passiva. Ele também é acusado de lavagem de dinheiro.
Para o relator, ele, o ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) e o então dirigente do partido, Emerson Palmieri, devem ser condenados.
"Roberto Jefferson, que era o líder do PTB na Câmara dos Deputados, sabia da existência do que ele chamou de mesada a parlamentares. Tinha a consciência de que os pagamentos eram feitos em troca da consolidação da base aliada do governo na Câmara", argumentou o relator.
Jefferson, 59, teve alta ontem do hospital no Rio onde estava internado para tratamento de um quadro de infecção intestinal. Em julho ele foi submetido a cirurgia para retirar tumor no pâncreas.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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