A decisão de endurecer e continuar à frente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), anunciada pelo ministro Manoel Dias em entrevista ao GLOBO, foi apoiada ontem pelo PDT Reunida, a cúpula do partido decidiu que, por enquanto, não entregará o cargo e nem fará oposição ao governo. No Planalto, a orientação também é continuar sustentando a posição do ministro, mesmo depois das ameaças de que, caso seja demitido, tomaria "providências im~ publicáveis” Ele também afirmou na entrevista que faria uma devassa nos convênios da pasta para entregar “todo mundo"
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, preferiu minimizar e defender a correção de Manoel Dias à frente do MTE. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" ela preferiu tratar as ameças como "um desabafo de quem se sente injustiçado e que acabou se expressando de maneira que gerou um mal entendido”
Em um café da manhã na casa do líder da bancada na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), o ministro Manoel Dias explicou as medidas que está adotando para tirar a Pasta que dirige da linha de tiro e anunciou que não deixará o cargo enquanto não fizer a limpeza que pretende.
De acordo com Figueiredo, o ministro afirmou que só tomará uma decisão se continua ou não no cargo após concluir o que chamou de limpeza na pasta. O líder pedetista disse que, para o PDT, o Ministério do Trabalho, do jeito que está, representa mais ônus do que bônus.
— Até para preservar a imagem da instituição e dele próprio, como homem público que tem 75 anos. Ele não quer sair com mácula — disse Figueiredo.
Ele também afirmou que na reunião a legenda concluiu que, mesmo se entregasse o ministério, a agremiação não passaria automaticamente à oposição. Participaram do café da manhã o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, 18 deputados e três senadores, além do ministro. Lupi afirmou que, se Dias deixar o cargo, a possibilidade de o partido indicar seu substituto é remotíssima.
— Eu não sei o que é justiça ou o que não é justiça. Eu só sei que a imprensa só publica aquilo que quer. Aí não tem jeito. Adianta eu brigar com você? Não adianta. Eu desisto. Quando vocês escolhem alguém pra Cristo, tem que apanhar até acabar. Não tem jeito!
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), questionou a entrevista de Dias ao GLOBO. O tucano qualificou de esdrúxula e incompreensível a declaração de que, se demitido, iria tomar atitudes impublicáveis.
— Por que o ministro não publica o que é impublicável? Não é sua função como gestor público? Que providências são essas que são impublicáveis? A quem o ministro está ameaçando? Talvez esteja trocando seu silêncio pela permanência no cargo.
Fonte: O Globo
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