• Derrotado no 2º turno da eleição presidencial, senador mineiro enfrentará adversários para se firmar como nome do PSDB em 2018
Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Mesmo após ter conquistado cerca de 51 milhões de votos na eleição presidencial, o senador Aécio Neves (MG) ainda não conseguiu se firmar como nome natural do PSDB para 2018. Para se candidatar novamente ao Palácio do Planalto, ele terá de superar disputas internas e enfrentar adversários fortes, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Até agora, os dois tucanos têm adotado estratégias diferentes para alcançar o mesmo objetivo. Enquanto Aécio investe num estilo mais agressivo, Alckmin procura manter o seu perfil moderado.
Aclamado como líder inconteste da oposição no Congresso, o mineiro passou a atuar na linha de frente da “oposição selvagem” que o PSDB tem feito ao governo da presidente Dilma Rousseff. Desde que voltou ao Senado, após o 2.º turno das eleições, ele já chamou o PT de “organização criminosa”, deu apoio a protestos contra denúncias de corrupção e mostrou que o partido aprendeu a usar as manobras regimentais para complicar a vida da base aliada. “Vamos perder, mas vamos sangrar esses caras até de madrugada”, disse a correligionários durante a votação para alterar a meta fiscal.
Já Alckmin investe numa relação republicana com Dilma, para não perder o apoio da União em projetos importantes para o Estado. No final do ano, enquanto o PSDB armava toda as suas artilharias contra Dilma, chegando a pedir a cassação da candidatura da petista, o governador se encontrou com ela para negociar um pacote de ajuda bilionário a São Paulo.
Independentemente da postura que irão adotar nos próximos anos, os dois tucanos terão de fazer o dever de casa. Aécio foi um senador ausente em seu primeiro mandato, com uma passagem pouco expressiva pelo parlamento. Ele já deu mostras de que pretende mudar essa imagem, mas não poderá arrefecer nos próximos anos. Uma atuação exemplar no Congresso será a única chance de reverter a dupla derrota que sofreu em Minas, seu Estado natal. Além de o candidato ao governo do PSDB ter sido derrotado pelo PT, o próprio Aécio recebeu menos votos que Dilma em seu reduto eleitoral.
Por outro lado, o mineiro terá a seu favor o fato de ocupar a presidência do PSDB. Com isso, pretende viajar pelo País, especialmente o Nordeste, para se tornar ainda mais conhecido. O tucano também articula a criação de um comitê para tentar manter a interlocução com a sociedade, além de formar uma equipe para fiscalizar o andamento do governo.
Alckmin também terá um grande desafio pela frente. Apesar de ter sido reeleito no 1.º turno com uma votação expressiva, o tucano sabe que terá de fazer uma nova gestão muito melhor do que a primeira. Para São Paulo se tornar uma “vitrine” a ser exibida em 2018, o governador precisa resolver problemas graves, como a crise hídrica, a falta de mobilidade urbana e o aumento dos índices de violência.
Ciente das dificuldades, Alckmin também já começou a fazer suas movimentações. Ao anunciar as mudanças no primeiro escalão do governo neste mandato, especialmente no comando da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o tucano tenta pavimentar o caminho para o que seria a sua segunda candidatura a presidente.
Disputa. Para o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, é natural que dois nomes fortes como Aécio e Alckmin tenham como projeto de poder ser candidato à Presidência. Apesar de dizer que esse assunto ainda não está sendo discutido internamente pelo partido, ele afirma que a escolha de quem será o representante da sigla nas eleições de 2018 vai depender do desempenho de cada um deles.
“São duas situações diferentes. Hoje a questão nacional vai se dar muito no Congresso, a demanda sobre o partido vai ser muito grande, e é preciso ver como Aécio vai enfrentar essa questão. No caso do Alckmin, ele vai procurar fazer um governo o mais bem avaliado possível para poder ter o seu capital no futuro”, afirma.
Goldman lembra ainda que há outros quadros da legenda que não podem ser descartados, como o ex-governador José Serra, que volta este ano ao Senado e já concorreu duas vezes à Presidência.
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