O sociólogo Luís Flávio Sapori sugere que forças políticas do País façam comunicado conjunto refutando atos violentos
Caio Sartori | O Estado de S. Paulo.
Analistas ouvidos pelo Estado avaliam os tiros disparados contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no interior do Paraná, como o momento mais agudo do radicalismo político no País. Para eles, o funcionamento da democracia está em risco neste ano eleitoral.
Nesse contexto, o sociólogo Luís Flávio Sapori, da PUC-MG, sugere que as forças políticas do País, incluídos aí partidos e grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), façam um comunicado conjunto refutando atos violentos recentes. “Seria uma manifestação pública, de forma a apaziguar os ânimos das pessoas.”
O cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG, vê na falta de diálogo entre as forças políticas um dos grandes empecilhos para o fim do clima bélico. “Democracia funciona bem quando esquerda e direita não têm grandes diferenças entre si e conseguem conversar.”
Para o cientista político Claudio Couto, da FGV-SP, o suposto aval aos tiros dado por nomes fortes da política só reforça o perigo antidemocrático – ao jornal Folha de S. Paulo, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria disseram que o ataque à caravana foi um efeito colateral produzido pelos próprios petistas. Após a má repercussão das declarações, Alckmin usou o Twitter para dizer que “toda forma de violência deve ser condenada”. “O PT polarizou com o discurso de ‘nós fizemos, eles não’, mas não pregou, por exemplo, a morte das elites, a eliminação dos adversários”, diz Couto.
“Foi algo sem precedentes no período democrático”, resume o cientista político Marco Antônio Teixeira, também da FGVSP. “O atentado não foi a um candidato, mas à própria democracia. Se não for reprimido, dá aval a outros casos”, afirma o professor. / Colaborou Leonardo Augusto
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