quinta-feira, 15 de março de 2018

Petistas discutem possibilidade de aliança eleitoral com Ciro

Pré-candidato do PDT seria alternativa com Lula fora da disputa

Sérgio Roxo e Luís Lima | O Globo

-SÃO PAULO- A possibilidade de apoio a um candidato de outro partido, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impedido de concorrer ao Palácio do Planalto, começa a ganhar força dentro do PT. O caminho neste caso seria o partido optar por uma aliança com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.

O governador da Bahia, Rui Costa, tornou público, em entrevista publicada ontem pelo portal UOL, um tema que já vinha sendo tratado nos bastidores. “Não podemos ficar nessa marra (...), se não há um nome natural do PT e se o Lula não puder ser (candidato), por que não pode ser (um nome) de outro partido? Acho que pode e acho que essa discussão, se ocorrer, no momento exato, nós vamos fazer esse debate”, disse.

Na noite de ontem, estava previsto um jantar entre Costa e Lula no Palácio de Ondina, residência oficial do governo da Bahia. O ex-ministro Jaques Wagner, secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, também deveria participar do encontro.

Reservadamente, outras lideranças petistas defendem que o apoio a um nome de outro partido deve ser considerado como alternativa. Argumentam que o mais importante na eleição deste ano é impedir o triunfo de um adversário do outro campo político.

Ciro, inclusive, já foi orientado que, se quiser ter chance de se aliar com o PT, precisa moderar as críticas ao partido e a Lula. Nos últimos dias, o pedetista tem amenizado a sua fala com relação aos petistas.

Em evento ontem em São Paulo, o précandidato do PDT disse que tentam criar “uma usina de intrigas” em sua relação com Lula, e que isso seria motivado pelo medo de que haja uma união entre a esquerda nas eleições e por parte da “burocracia do PT, que precisa dessa intriga para tentar manter o capital político do Lula”.

Ciro ainda tentou se distanciar dos embates entre “mortadelas” e “coxinhas” travados pelos eleitores.

— Agora é assim, qualquer um que não seja coxinha, tem que ser mortadela. E eu vou resistir, não sou coxinha, nem mortadela — disse Ciro.

DIRIGENTES RECHAÇARAM DECLARAÇÃO
Com receio de que a discussão sobre uma alternativa a Lula enfraqueça a posição do ex-presidente, que hoje lidera as pesquisas, dirigentes do partido rechaçaram imediatamente a declaração do governador da Bahia.

— Se forem tentar impedir o Lula, vai ser um processo extremamente traumático. Por isso, erra o governador ao naturalizar, ao dar como certo isso. Não temos plano B — disse o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ).

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que admitir um outro caminho para o PT que não seja a candidatura de Lula é fazer o jogo do adversário. “Vamos com Lula até o fim porque ele é inocente e tem o direito de ser candidato. E o povo tem o direito de votar em Lula. O que nossos adversários querem é outro candidato para afastar Lula da eleição e convalidar a tese de que ele é culpado e inelegível. Não vamos cair nessa armadilha”, escreveu Gleisi, no Twitter.

Além de se aliar a um candidato de outro partido, o PT também discute indicar um nome da legenda para substituir Lula na cabeça da chapa. Neste caso, os mais cotados são Jaques Wagner e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

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