Encontro teve a presença de presidentes de DEM, PSDB, Cidadania, PV e Podemos, além de integrantes de outros partidos. Apontado como presidenciável, Mandetta articulou o almoço
Paulo Cappelli / O Globo
BRASÍLIA — Presidentes de PSDB, DEM, PV,
Cidadania e Podemos se reuniram nesta quarta-feira para discutir uma candidatura
de centro para a eleição presidencial de 2022, a chamada terceira via. Também
participaram do almoço, na casa do advogado Fabrício Medeiros, em Brasília,
representantes do MDB e do SD. Ao final do encontro, os dirigentes indicaram
que houve um consenso: as legendas não vão apoiar nem a candidatura do
presidente Jair Bolsonaro nem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse consenso foi anunciado, em entrevista
à imprensa ao fim do evento, pelos presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do
Cidadania, Roberto Freire.
— O número de brasileiros que se posiciona
hoje para uma nova alternativa é maior que o apoio a Lula ou Bolsonaro. Mas é
uma maioria silenciosa, que não faz motociata nem manifestação. É para esses
brasileiros que queremos falar — disse Araújo.
Roberto Freire afirmou que a reunião não discutiu nomes de possíveis candidatos.
— O ambiente para uma terceira via à Presidência é muito positivo. No momento, não falamos de nomes, mas de programas — afirmou Freire.
Foi o primeiro encontro presencial das
siglas para discutir 2022 desde o início da pandemia. O evento foi organizado
pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM-MS), apotando como
presidenciável.
— A pandemia atrapalhou várias coisas,
inclusive as conversas. Todos falavam por telefone, por vídeo... Então eu
estava angustiado, pois falava com todos separadamente — disse Mandetta,
anunciando que uma nova reunião do grupo está prevista para daqui a 15 dias.
O presidente do DEM, ACM Neto, deixou o
evento sem falar com jornalistas. Publicamente, o ex-prefeito de Salvador nega
ter se aproximado do presidente Jair Bolsonaro, mas, nos bastidores, é apontado
como um possível apoiador de sua reeleição no próximo ano. Filiado ao mesmo
partido, Mandetta afirmou que, na reunião, ACM Neto garantiu que não apoiará
Bolsonaro em 2022.
— Há um conceito de unidade, de pacificação
do país e de zelo pela democracia. Todos os partidos estão falando a mesma
língua: os extremos agravam a crise brasileira. O compromisso de uma
candidatura única começa. O compromisso é de caminhada, não de fim — disse o
ex-ministro da Saúde.
Também participaram do almoço Renata Abreu,
presidente do Podemos, e José Luiz Penna, que comanda o Partido Verde.
Representando o presidente do MDB, Baleia
Rossi, que não foi ao evento, o deputado Herculano Passos afirmou que a ideia é
o grupo indicar, até o início do ano que vem, o nome que encabeçará a chapa.
Pelo SD, o deputado Áureo Lídio representou o presidente Paulinho da Força.
Dirigentes que participaram do evento afirmam que o martelo em torno do nome
será batido após a realização de pesquisas de intenção de voto para avaliar
qual a candidatura mais forte.
Os presidentes do PDT e do PSL, Carlos Lupi
e Luciano Bivar, respectivamente, foram convidados, mas não compareceram
alegando já terem outros compromissos. O PDT tem Ciro Gomes como pré-candidato
ao Planalto.
'Candidaturas vão se diluindo'
Presidente do PSDB, Bruno Araújo citou as
desistências de João Amoêdo (Novo) e Luciano Huck (sem partido), que anunciaram
que não disputarão o Planalto no ano que vem. Para o dirigente, o tempo fará
com que mais nomes de centro hoje colocados no páreo saiam da corrida
eleitoral.
— Se isso possibilitar uma candidatura
única, melhor. Se não for possível, que seja um número reduzido — disse o
dirigente do PSDB, que tem no próprio partido quatro pré-candidatos à
Presidência.
Indagado se a rusga entre DEM e PSDB em São
Paulo — o governador João Doria atraiu seu vice, Rodrigo Garcia, ex-DEM, para o
ninho tucano — poderia prejudicar a aliança nacional, Araújo respondeu que não.
— Criou uma dificuldade na relação do
Doria, que é um dos pré-candidatos do PSDB, com o ACM Neto. Mas não afeta a
estratégia (nacional). Em muitos estados o PSDB precisa do DEM. E, em
muitos outros, o DEM precisa do PSDB.
Grupo quer atrair PDT, PSB, e PSL
Além do convite a Luciano Bivar (PSL) e Carlos Lupi (PDT), o grupo que planeja uma candidatura única pretende atrair para a mesa de conversas o PSB, presidido por Carlos Siqueira. O partido socialista tem uma grande amplitude, tendo em vista que há em seus quadros pessoas próximas de Lula, como o recém-filiado Marcelo Freixo, políticos próximos do governo e, também, defensores da terceira via.
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