Valor Econômico
Praga do radicalismo, depois de ter sido
alimentada pelo presidente, agora se volta contra as campanhas majoritárias do
bolsonarismo
Quando duas pesquisas de metodologia
reconhecida, como a do Ipec e da Quaest, discrepam para além da margem de erro
sobre a distância entre os líderes da disputa presidencial, de 15 pontos para o
primeiro e oito para o segundo, nenhuma biruta sinaliza melhor os rumos do que
aquela das campanhas. A do bolsonarismo está desgovernada.
O sinal derradeiro disso foi dado pela
agressão do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera
Magalhães. Foi a espontaneidade do gesto que o torna mais eloquente. Está claro
que o parlamentar não foi instruído pela campanha bolsonarista, mas pela
expectativa de alavancar sua reeleição.
E é por isso que a reeleição do presidente está em apuros. Se em 2018 ele foi capaz de tirar os radicais do armário para dar combustão a um sentimento difuso que se denominou de antipetismo, esses mesmos radicais hoje fugiram controle. Até podem alavancar candidaturas proporcionais, mas produzem estragos em candidaturas majoritárias. Se servem de combustível para algo hoje é ao antibolsonarismo que move a campanha de 2022.
Não foi outro o motivo de o deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ter vindo a público repreender o deputado,
seu maior aliado na Assembleia Legislativa além de titular da sucursal paulista
do gabinete do ódio. Além de vergonha, passou recibo: “Essas atitudes
inconsequentes visando os holofotes e a autopromoção, além de erradas em si
mesmas, podem pôr a perder um trabalho de meses, reforçar estereótipos e trazer
prejuízos a todo um grupo político. Neste caso, a direita.”
Há cinco meses o mesmo Eduardo Bolsonaro
comentava um tuíte de Miriam Leitão com a frase “Ainda com pena da cobra”,
valendo-se do símbolo do animal que foi colocado numa sala escura em que a
jornalista foi trancada nua, grávida, aos 19 anos, para ser torturada. Foi uma
fatia dessa virulência que Douglas Garcia transpôs para a plateia do debate dos
candidatos ao governo de São Paulo na agressão à Vera Magalhães.
As pragas gestadas pelo bolsonarismo no
berçário do ódio se acostumaram a se voltar contra o jornalismo para desviar o
foco do essencial. Ao fazer dos jornalistas o personagem da notícia, o
bolsonarismo aposta na desmoralização da imprensa, além de montar a armadilha
para que o jornalismo deixe de se ocupar do outro - o eleitor e de seus dramas,
argamassa da profissão. O problema é que as agressões são tantas, à democracia,
ao decoro e à civilidade, que o personagem da notícia emerge sem concorrência.
É ele, o agressor.
Tarcísio Freitas deu-se conta disso de
imediato e tentou se dissociar do episódio que envolveu um convidado de sua
comitiva dizendo mal conhecer o parlamentar. Poucos minutos depois, porém,
apareceu a foto dos dois abraçados e, no dia seguinte, o candidato a governador
já estava em campanha no interior de São Paulo com Jair Bolsonaro, autor da
agressão à jornalista repetida à exaustão por Douglas Garcia.
O mesmo candidato que, além de inspirar,
armou as bestas-feras, apareceu arrependido na entrevista a um podcast de
influenciadores evangélicos. A missão, por óbvio, era diminuir a rejeição.
Se foram instruídos, até que os
influenciadores apareceram sinceros em suas interpelações. Um falou do sogro,
morto pela demora da vacina - “Não tenho inclinação pela esquerda, mas sua fala
me entristeceu.” Outro perguntou se, olhando para trás, retiraria algo do que
disse. Uma terceira lembrou-lhe do preceito cristão: “Faltou sensibilidade,
sabe presidente, não custa nada pedir perdão.”
O muro das lamentações estava erguido. Era
só se encostar. Disse ter dado uma “aloprada”, falou em arrependimento, deu
razão ao entrevistador que perdeu o sogro, retirou o “coveiro”, o “jacaré” e a
“fraquejada”. Agiu como o delinquente que é enquadrado pela esposa evangélica:
“Apesar de ser bronco, tô tentando melhorar. Manda quem pode, obedece quem tem
esposa.”
Como constatou que o Auxílio Brasil de R$
600 não serviu para aplacar a rejeição à sua condução na pandemia ou a
agressividade de seu comportamento, tentou emplacar uma conversão. E se não der
certo? “Se não for a vontade de Deus, a gente passa a faixa e vou me recolher
porque com minha idade não tenho mais o que fazer na terra”.
Parece sugerir que, se o deixarem em paz,
não vai mandar sua horda de seguidores, por exemplo, fazer uma reprise
tupiniquim da invasão do capitólio. Foi mais ou menos o que um dos ministros de
quem é mais próximo no Supremo Tribunal Federal disse, no dia da posse de Rosa
Weber, ao ser indagado se Bolsonaro, deixando o governo seria preso.
Depois de queixar-se da imprensa com a
veemência de um bolsonarista, este ministro disse que a prisão de Bolsonaro só
colaboraria para radicalizar o país. “Se ele for preso, os filhos dele
continuarão soltos”, disse, como pretendesse antecipar o papel da Procuradoria-Geral
da República e do STF num Brasil que, eventualmente, caia sob novo comando.
No dia seguinte às declarações de
Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu ao jornalista
William Waack, na CNN, se anistiaria Bolsonaro: “Não se vai querer presidir o
país para instigar a confusão. O país precisa de paz para crescer. E quem pode
fazer isso é o presidente da República. O comportamento dele dita as regras da
sociedade. O atual presidente vive disso, de ofender, de instigar. Vamos ganhar
a eleição para reconstruir a paz”.
A reação ao comportamento de Bolsonaro foi
tão grande que mudou Lula, do discurso à vestimenta. Do candidato que, no
início da campanha, posava de sunga com sua noiva, Janja, na praia, e dizia ter
76 anos de idade, energia de 30 e “tesão de 20”, agora, quando lhe perguntam
sobre sua vida amorosa, se levanta com um risinho envergonhado e diz: “Gente,
chega por hoje”.
Se Bolsonaro tentou ganhar pelo medo,
primeiro de golpe, depois da violência, o tiro saiu pela culatra. Hoje Lula faz
da paz o apelo pelo voto útil. A contrição não é a única aposta de Bolsonaro.
Ontem voltou a chamar Lula de "pinguço" e "vagabundo" e vai
continuar a fazê-lo para manter seu poder de mobilização, quesito em que supera
seu principal adversário.
Vai em busca do eleitor e não do seu
séquito habitual com a ida à ONU e aos funerais da rainha Elizabeth. Sua
campanha sabe dos riscos que o presidente corre de se repetirem os protestos
que marcaram as idas ao exterior durante o mandato. Se viajar o repúdio pega,
se ficar a rejeição come. Vai pagar pra ver.
6 comentários:
Vocês Perderam totalmente a ética jornalística , e passaram a ser cabos eleitorais do Lula , uma vergonha , um homem que acabou com a nossa nação, que foi preso por isso , condenado em três instâncias a mais de 20 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, que só de devolução do roubo foram 6 bilhões de reais devolvido aos cofres públicos pelos ladrões.
É esse cidadão desqualificado que vocês querem que volte a cena do crime, ainda por cima se já não bastasse , temos um histórico de incompetência administrativa, que nos 14 anos do PT gerou a maior recessão da história do Brasil com mais de 11 milhões de desempregados e um desalento moral e espiritual do brasileiro
Esse período que nós estamos vivendo, em que muitos vestiram as máscaras do cinismo e da hipocrisia, será analisado no futuro como o tempo sombrio da nossa democracia em que a imprensa, que se diz, o quarto poder, fez todo o possível para derrotar Bolsonaro e eleger Lula o ladrão.
Mas graças aos brasileiros e a Deus, foram derrotados
O Lula apoia o aborto, apoia a legalização das drogas, apoia as invasões do MST , apoia a ideologia de gênero nas escolas
E você apoia ?
Eu não apoio
Bolsonaro é como seu sorriso, totalmente falso. Não tem um sentimento que o defina como ser humano, parece mais uma besta desafinada e antipatica.
As atrocidades da família Bolsonaro e especialmente do Jair já duram décadas. Ao deixar a presidência, perdendo talvez ainda no primeiro turno, os canalhas começarão a pagar por seus crimes! Seus 2 cúmplices no STF já tentam encontrar meios de livrar o genocida dos julgamentos e da cadeia. A imprensa de verdade não vai deixar cair no esquecimento todas as maldades e os crimes da familícia! Lógico que sempre tem as recordes e os ratinhos e ratões e ratazanas de sempre, dispostos a passar a mão na cabeça dos canalhas que lhes dão audiência e entrevistas exclusivas. Além de direcionar verbas publicitárias governamentais para tais canais e programas de baixo nível.
Agora eu entendo porque dizem que bolsonaristas não sabem ler...
Lulinha paz e amor,tomara!
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