domingo, 23 de outubro de 2022

Eliane Cantanhêde – Divisor de águas

O Estado de S. Paulo

A pergunta de 2022 é: que país, que futuro e que mundo nós queremos?

É tenso, cansativo, às vezes irritante e até aterrorizante, mas é também um desafio fascinante acompanhar de perto as eleições de 2022, num grande momento histórico, um verdadeiro divisor de águas. Não se trata só de eleger o futuro presidente, o PT ou o PL, mas de definir o destino do País pelas próximas décadas, num mundo açoitado por ventos, chuvas e trovoadas.

Vivemos ditadura, Diretas Já, morte de Tancredo, Constituinte, ascensão, queda e retorno de Collor, transição segura de Itamar, estabilidade estruturante de Fernando Henrique, inclusão social e petrolão de Lula, desgoverno Dilma, instabilidade com Temer e concentração de poder e de absurdos de Bolsonaro. Em 2022, é diferente: um confronto de visões de mundo, de civilização.

Jair Bolsonaro, que descarta índios e divide o País entre pobres e ricos, brancos e pretos, Nordeste e Sul, urbanos e rurais, homens e mulheres, evangélicos e católicos, tem as corporações. Há, sim, corajosas dissidências, mas ele uniu as Forças Armadas, polícias, agronegócio e setor financeiro, além dos evangélicos.

É com essa base social, o uso escancarado do Estado e dos recursos públicos e uma sólida maioria bolsonarista na Câmara e, agora, também no Senado, que ele quer impor ao País e às novas gerações uma mistura de sua própria visão atabalhoada de mundo e a cartilha da extrema direita internacional.

Lula acertou muito, errou muito e criou o “nós contra eles” – os “cumpanheiros” contra todo o resto. Mas quem definiu bem a era Bolsonaro foram estudantes de medicina (de medicina?!), ao gritar: “Sou playboy, não tenho culpa se seu pai é motoboy”. Poderia ser “nós somos brancos, vocês são pretos”, ou “nós temos mansões, vocês vão parar na cadeia”. Fim da farra da empregada indo à Disney, do filho de porteiro na universidade, reajuste de salário mínimo e aposentadoria pela inflação...

Há uma licença para o mal. Roberto Jefferson ataca Carmen Lúcia de forma abjetaempresários humilham Seu Jorge, um candidato a governador fala em “primeira dama de verdade” contra seu adversário gay, brasileiros comemoram chacinas em comunidades, um sujeito mata o aniversariante numa festa por política, um deputado defende que estudantes sejam queimados na cidade da Boate Kiss.

Os melhores economistas, ex-presidentes do STF, artistas, jogadores, intelectuais e tantos outros que eram “eles” nos governos do PT podem não ter voto, mas têm um alerta: que país, que futuro e que mundo queremos? Um mundo do “pintou um clima” com meninas de 14 anos?

 

8 comentários:

Anônimo disse...

Eliane você já sentiu que a situação ruim do Lula é irreversível, está jogando pedra na cruz , muito feio pra você que já foi uma grande jornalista, ridículo papel que você está fazendo ridículo

Anônimo disse...

"Fim da farra da empregada indo à Disney, do filho de porteiro na universidade, reajuste de salário mínimo e aposentadoria pela inflação..."

Não será o fim pois LULA 13 ganha. VAI CONSERTAR O BRASIL E TIRAR O PEDÓFILO DA REPÚBLICA.

Anônimo disse...

"que país, que futuro e que mundo queremos? Um mundo do “pintou um clima” com meninas de 14 anos?"

A resposta só pode ser NÃO (menos pro gado q, claro, tem afinidades com tamanha perversão).
ISSO IMPLICA, portanto, q é LULA LÁ!

Anônimo disse...

Bolsonaro quer mais 4 anos pra aumentar as trevas no nosso país! Seu cúmplice Roberto Jefferson trocou tiros com a Polícia Federal... Bolsonaristas armados têm maior arsenal que as forças da segurança pública. E Bolsonaro ainda quer TODO MUNDO ARMADO... E pastores safados pressionam seus fiéis para votar no canalha...

Anônimo disse...

Pastor safado é redundância.

Anônimo disse...

Sinceramente? Dilma foi muito melhor que o bozo.’Foi preciso ele ser presidente para descobrir que o Brasil não estava tão mal assim, seu impeachment mostrou que foi um ato político, se tivesse comprado o centrão ela não teria perdido o mandato, o bozo demonstrou isso. O que a Dilma fez de pior foi não ter tido um bom ministro de economia e ser muito voluntariosa.

Anônimo disse...

Para muito além da desonestidade de nossos políticos, está o papel da imprensa que incentivou essa polarização, fez militância e deixou o país nessa escolha de Sofia. Vive na sua bolha de arrogância também...

ADEMAR AMANCIO disse...

Artigo da hora.