Folha de S. Paulo
Presidente prefere desbaratar bloco e
aumentar influência direta do Planalto sobre cada partido
A campanha nem tinha começado quando Lula procurou
as primeiras fendas no grupo que manda no Congresso. "A imprensa nos induz
ao erro quando diz que o centrão está todo com o Bolsonaro", disse. Era
maio de 2021, e o petista
se recusava a reconhecer a turma como um bloco só. "Vamos
conversar individualmente com cada partido político."
Lula levou a teoria para o Planalto. Ainda que negocie a adesão em massa desse grupo ao governo, o presidente sentenciou na última terça (27) que "o centrão não existe". "Eu não quero conversar com o centrão como organização. Eu quero conversar com o PP, eu quero conversar com o Republicanos…", declarou.
O fortalecimento do centrão e as barganhas
presidenciais com o bloco concentraram muito poder nas mãos de poucos líderes
do grupo. Nos últimos tempos, esses mandachuvas aumentaram o controle sobre a
distribuição de cargos e emendas. Centenas de deputados e senadores passaram a
agradecer a esses chefes, não mais ao Planalto.
Lula deixou claro que topa manter
abastecidos esses parlamentares, mas gostaria de pulverizar as transações. Em
vez de apenas contratar Arthur Lira como
intermediário na Câmara, o presidente prefere negociar com dirigentes de cada
partido ou diretamente com os deputados.
O ideal, segundo o plano, seria desbaratar
o centrão como estrutura única e permitir que o Planalto tenha influência sobre
o comportamento das bancadas separadamente. Assim, o governo incentivaria cada
partido a buscar vantagens, favoreceria defecções e reduziria o poder de
chantagem do comitê atual.
O Planalto sabe que a missão não é simples.
Lula já colheu fracassos na bancada da União Brasil mesmo depois de negociar
três ministérios com o presidente da legenda, Luciano Bivar.
Além disso, quando precisou aprovar projetos importantes, o governo recorreu a
Lira e seus aliados em busca de votos no atacado. Para completar, a manobra é
arriscada, pois pode provocar a reação de um grupo que ainda é poderoso.
Um comentário:
Sim.
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