O Brasil experimentou uma
trajetória típica de “capitalismo tardio”, nascido do ventre de uma sociedade
escravista, no final do século XIX. Registre-se que a Revolução Industrial inglesa,
marco inaugural do capitalismo, teve lugar no final do século XVIII. Para
superar o atraso e transformar o país de um enorme cafezal em uma economia
industrial diversificada, via substituição de importações, o Estado desempenhou
papel central. Todo o arsenal de política econômica (crédito, câmbio, juros,
tarifas de importação, barreiras regulatórias) foi acionado em nome da marcha
forçada rumo à sociedade industrial. Além disso, as empresas estatais foram protagonistas.
Os períodos de ouro da industrialização brasileira se deram especialmente nos
governos Vargas, JK (Planos de Metas) e Geisel (2º. PND). CSN, Vale do Rio
Doce, Petrobrás, BNDE, Rede Ferroviária, Eletrobrás, Siderbrás, Telebrás são
nomes indissoluvelmente ligados ao processo de industrialização brasileiro.
O mundo mudou. A
experiência soviética naufragou. A China optou por um socialismo de mercado ou um
capitalismo de Estado, como se preferir. A socialdemocracia europeia
redimensionou o Estado de Bem-Estar diante das restrições fiscais. A revolução
tecnológica introduziu novos padrões de desenvolvimento. O conhecimento assumiu
a ribalta em lugar de outros fatores de produção. A internet e as
telecomunicações integraram o planeta. A globalização reduziu a autonomia dos
Estados Nacionais. O setor de serviços roubou crescentemente espaços da
indústria e do setor primário. Mudaram a sociedade, a economia e o mundo. O
papel do Estado teve que ser repensado.
A reversão do Estado
intervencionista, iniciada na década de 1970 e que ganhou força ao final do
século XX, impôs uma agenda de desestatização, no Brasil e no mundo. A
privatização de empresas estatais entrou na ordem do dia.
No Brasil, primeiro foram
privatizados o parque siderúrgico e a EMBRAER. Depois a Vale do Rio Doce, a
Rede Ferroviária, os bancos estaduais e o Sistema Telebrás. Recentemente, a BR
Distribuidora e a Eletrobrás. Concessões e parcerias avançaram em outros
setores.
Há muitas motivações que
movem as privatizações. Mas, é preciso responder: Porque? Como? Por
quanto? Voltaremos ao assunto.
*Economista e Professor.
Ex-Deputado Federal pelo PSDB-MG. Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais
(2003-2010). Diretor-Executivo do IFI – Instituição Fiscal Independente do
Senado.
Um comentário:
Um resumo interessante!
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