O Estado de S. Paulo
Lula sobre Juscelino Filho, vacina escondida, licitação de arroz, BC, Petrobras e cultura
Não há dúvidas de que o governo tem muito o
que mostrar, como na economia e na área social, mas é impressionante a
capacidade do presidente Lula de dar munição para a oposição, principalmente
para Jair Bolsonaro. Os casos se acumulam, deixando a sensação de que, no seu
terceiro mandato, Lula está se sentindo acima do bem e do mal, imunizado contra
críticas e pode cometer erros à vontade.
Por que raios Lula esperou nove dias para se manifestar sobre o indiciamento do ministro Juscelino Filho (Comunicações) pela PF, por corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa? Pior: para, no fim, aparecer num evento ao lado do ministro, dizer que tem “muito orgulho” da sua equipe e está “feliz” com Juscelino, alvo de uma lista de suspeitas desde o primeiro mês de governo. Lula aguarda a PGR e o STF para ver o óbvio.
Por que raios Lula tinha também de se vacinar
contra dengue, num hospital privado, cinco dias antes de o SUS iniciar
distribuição pública, com doses insuficientes por falta de produção
internacional? Tanto ele sabia que ia dar pano pra manga que fez... secretamente!
O que era ruim ficou pior ainda e num tema em que ele tem tudo para confrontar
o antecessor: vacina. Levantou a bola, Bolsonaro cortou. “Se vacinou
escondido... O povo que se dane”, postou nas redes sociais, como se tivesse a
mínima autoridade para entrar nesse jogo.
Por que raios Lula tinha, ainda, de autorizar
a importação de uma tonelada de arroz, se o grosso da safra já tinha sido
colhido antes da tragédia gaúcha? E incluir propaganda oportunista do governo
em letras vermelhas nos sacos importados? E descuidar da licitação, que ele
admite agora que foi contaminada por “falcatrua”? O resultado é: faz, não faz,
vai e volta. Bom, não é.
E por que raios Lula insiste em mandar no
Banco Central, autônomo, e na Petrobras, empresa mista, com ações na Bolsa? E
em ser amiguinho de Vladimir Putin, Nicolás Maduro e Daniel Ortega? Política
externa pragmática faz bem, mas posições condescendentes com ditaduras cruéis
fazem mal aos países e seus governantes.
Tão bom orador e carismático, Lula também
abusa de brincadeirinhas e palavras fora de hora e lugar sobre gênero, raça,
grupos LGBTQI+ e, depois dos anos sombrios de Bolsonaro, anunciou R$ 1,6 bilhão
para o audiovisual, numa cerimônia alegre e cheia de estrelas, mas borrou a
repercussão ao dizer que “artista, cinema e teatro não são para ensinar
putaria”. Gafe ou tentativa de falar para o público conservador, a frase
reforça um velho preconceito contra a cultura. Se alguém achou um barato, só
pode ser de oposição.
2 comentários:
A Eliane faz um esforço Tremendo para passar pano no Lula Acha tudo Faz parte do jeitão do presidente Fica Dizendo que está dando munição oposição em vez de criticar-lo veementemente Nosso governo e Lula só age assim porque sabe que a imprensa , muito bem paga , não irá criticar-lo e a justiça sob controle não irá puni ló
simples assim
A jornalista critica tudo que Lula faz e fala,a direita acha que cultura é ''putaria''.
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