Folha de S. Paulo
Presidente descobre valor brutal da isenção
de tributos, que cresceram nos anos petistas
Ministros disseram que Luiz Inácio Lula da
Silva ficou
"mal impressionado" ao saber na segunda-feira do tanto de imposto que
se deixa de pagar no país, os de repente famosos "gastos
tributários", isenções de tributos para cidadãos, empresas e outras
instituições.
Na previsão da Receita
Federal, o valor do gasto tributário neste ano deve ser de R$ 524 bilhões.
É o equivalente a mais de um quinto da arrecadação bruta do governo federal e a
4,59% do PIB.
É brutal. Durante a campanha e na elaboração do programa de governo, em 2022, ninguém havia relembrado a Lula o tamanho do problema? Até aqui, quando discutia imposto com ministros, não se tratava do assunto?
Nesta semana, o presidente disse que há
"muita isenção, muita desoneração, muito benefício fiscal". Contou
que discute corte de R$ 15 bilhões com ministros "e daí descobre" que
tem R$ 640 bilhões em benefícios para os ricos" (esse valor inclui outros
subsídios além dos tributários).
Reclamou mais: "...desoneração de folha
de pagamento, isenção fiscal, ou seja, são os ricos que se apoderam de uma
parte do Orçamento do país. E eles se queixam daquilo que você está gastando
com o povo pobre".
Lula tem razão. Mas onde estava quando
governo e Congresso, com a colaboração intersticial da Justiça, aumentaram o
gasto tributário de 1,7% do PIB em 2003, início de Lula 1, para 2,3% do PIB em
2007 (início de Lula 2), para 3,4% do PIB em 2010 (fim de Lula 2)? Para 4,8% em
2014, final de Dilma 1, afilhada de Lula?
Vale relembrar a composição dessa renúncia de
impostos.
Do total, 24% são isenções do Simples (R$ 125
bilhões), sistema criado para facilitar a vida de pequenas e médias empresas.
Atualmente, serve também para aliviar o imposto de profissionais liberais ricos
e de muito pejotizado. O gasto tributário cresceu 2,3 pontos do PIB de 2007 a
2024. Desse aumento, 0,6 ponto foi para o Simples.
O segundo maior gasto vai para
"Agricultura e Agroindústria", 11,3% do total. São R$ 59 bilhões, dos
quais R$ 39 bilhões vão para a desoneração da cesta básica (que em parte acaba
no bolso de ricos) e R$ 6,3 bilhões vão para defensivos agrícolas.
Juntando os gastos tributários devidos a
isenções e deduções do IR da Pessoa Física, temos mais de R$ 84 bilhões, 16% do
total. Disso, mais de R$ 33 bilhões subsidiam os gastos com escola e saúde
privadas. Quase R$ 39 bilhões vão para aposentados com mais de 65 anos, com
doença grave etc.
O mais vai para indenização por demissão de
trabalhador, seguro por morte ou invalidez. Nem tudo é para "rico",
embora os mais pobres não entrem aí.
Lula vai mexer nisso? Não vai mexer com
estados e empresas da Zona Franca de Manaus, com R$ 39 bilhões de isenção e uma
máquina de produzir ineficiência econômica, e com os R$ 42 bilhões para
filantrópicas.
A alta do valor das isenções de Simples, IR,
agricultura e agroindústria e desenvolvimento regional equivale a dois terços
do aumento total do gasto tributário de 2007 a 2024.
O grande aumento ocorreu DURANTE os anos
petistas, mas não necessariamente POR CAUSA de Lula e Dilma, embora a
ex-presidente fosse entusiasta desse tipo de ideia e Lula a estimule até hoje
(na indústria, por exemplo).
Como se disse mais acima, isso resulta de um
acordão geral dos Poderes e lobbies. Além disso, o aumento do peso relativo de
um setor beneficiado pode engordar essa conta.
Desde que ficou evidente que as contas do
governo federal tinham ido à breca, em 2015, fala-se de mexer em gasto
tributário.
É óbvio que tem muita carne para cortar,
ainda que a conta da Receita possa estar exagerada. Mas é difícil fazer tal
coisa sem plano e acordo maiores, expondo injustiças e ineficiências
revoltantes. Lula 3 não tinha um plano.
2 comentários:
Lula podemos dizer que tem duas personalidades e duas opiniões , um quando está dentro do partido e quando a deputada Gleisi Hoffman presidente do PT fala em gastar mais, fala mal do presidente do Banco Central, ela está falando em nome do Lula do foro de São Paulo comunista com ele mesmo diz com orgulho , quando está diante das câmeras ou em encontros abertos com empresários ele fala como o Lula paz e amor , cheio de boas intenções, só que cada dia que passa se observa que o Lula um , o Petista de esquerda , é que está predominando , gastar pra conquistar os votos dos pobres , que cada vez aumenta nesse país
E a imprensa cada vez mais Desanimada com andar da carruagem , Fica se lamentando e tentando ajudar esse governo que já mostrou a que veio com seus 16 anos de mandato
Vale lembrar que a imprensa está sendo regiamente remunerada como nunca antes nesse Brasil
Sei.
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