Folha de S. Paulo
Facada em Bolsonaro abriu caminho para
arrivismo e golpismo do delegado
Delegado da PF eleito deputado da bancada da
bala, Alexandre Ramagem se aproximou de Bolsonaro em 2018, quando virou chefe da segurança do
candidato a presidente depois da facada em Juiz de Fora. Um destino marcado
pelo ato de Adélio e os esgares do capitão.
Logo se tornou íntimo dos Bolsonaro, em especial do filho 02, Carlos, percebendo que ali estava o caminho das pedras, a mágica que permitia aos membros do clã a compra de apartamentos em dinheiro vivo. Um arrivista de Balzac não subiria na vida com mais rapidez. Em 2019 já era assessor da Presidência. Ao nomeá-lo diretor-geral da Abin, Jair admitiu: "Grande parte do destino da nossa nação e das decisões que eu venha a tomar partirão das mãos dele". Era o plano do golpe rolando a ladeira.
Investigado por arapongagem de adversários
políticos e monitoramento de procuradores públicos, Ramagem afirmou em depoimento à PF que não lembra o conteúdo das
mensagens enviadas a Bolsonaro. São arquivos com recomendações e conselhos de
um comparsa —para que o ex-presidente continuasse atacando as urnas eletrônicas
e a lisura do sistema eleitoral—, além de relatos difamatórios sobre ministros
do STF.
"Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude
nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro
turno", mostra um dos documentos descobertos no email de Ramagem.
Informações comprovadamente falsas e sem fundamento, puro puxa-saquismo. Um
patriota do cercadinho montado em frente ao Palácio da Alvorada teria dito
melhor. E por menos dinheiro.
Bolsonaro que deu certo manietando a Justiça eleitoral e corrompendo as Forças Armadas, o ditador Nicolás Maduro também não leva fé nas urnas brasileiras.
Dá até para desconfiar que Ramagem —cuja candidatura a prefeito do Rio se
sustenta pelo medo da traição— andou fazendo bico na agência de inteligência
venezuelana.
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