O Globo
Apresentador promete manter candidatura a
prefeito, mas fala mais de si mesmo do que das questões municipais
Em 2016, os paulistanos elegeram um prefeito
que dizia não ser político. Oito anos depois, José Luiz Datena quer
convencê-los a cair no mesmo conto. O apresentador saiu de férias para se
lançar candidato. Pelo que já mostrou, seria melhor antecipar a volta à TV.
Em terceiro lugar nas pesquisas, o neotucano
foi sabatinado ontem pela Folha e pelo UOL. Diante das câmeras, gabaritou o
manual do populismo. Esconjurou os partidos, praguejou contra a “velha
política” e se apresentou como um defensor do povo. “Não confio em político.
Não confio em palavra de político”, discursou.
O apresentador prometeu levar a campanha a sério, mas fez piada com a própria fama de anunciar candidaturas de mentirinha. “Nunca perdi uma eleição, tá certo? Desisti de todas, mas nunca perdi”. Ele também ironizou seu histórico de vaivém partidário. “Partido se fosse bom não se chamava partido, se chamava inteiro”, gracejou. Ao ser questionado se buscava ser visto como progressista ou conservador, escapuliu com mais uma platitude: “Sou constitucionalista (sic). Sou pelo povo brasileiro”.
Acostumado a pontificar sobre tudo, Datena
reclamou das multas de trânsito (“radar é uma grande sacanagem”), dos sinais
piscantes (“prejudicam mais que enchente”) e da qualidade do asfalto (“a lua
tem menos buraco que aqui”). Parecia um taxista indignado, não um candidato a
prefeito da maior cidade do país.
Os entrevistadores se esforçaram, mas não
conseguiram arrancar planos concretos para nada. Instado a apresentar uma
proposta para a cracolândia, ele se escondeu atrás de outra frase de efeito:
“Vou nomear Deus como secretário de Segurança Pública, porque só Deus para
resolver o problema”.
Em uma hora de falatório, o apresentador se
mostrou mais interessado em si mesmo do que nas questões municipais. Quem
enfrentou a sabatina ficou sabendo que ele parou de beber, já ganhou mais de R$
1 milhão por mês e se julga merecedor de homenagens póstumas.
“Quem sabe quando eu morrer os caras façam
uma estátua minha com uma metralhadora no centro de São Paulo, dizendo que eu
era um gênio”, arriscou.
3 comentários:
Barbaridade... Este caro é capaz de ser PIOR que Bolsonaro!
Datena é mais um picareta.
Eu gostei,se mostrou ser de centro e, também gostei do detalhe,alguém que já ganhou mais de um milhão por mês querendo ser prefeitinho?!
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