segunda-feira, 29 de julho de 2024

Maduro é declarado vencedor na Venezuela com 51,2% dos votos

Valor Econômico / Por Agências internacionais

Segundo autoridade eleitoral do país, o candidato da oposição recebeu 44,2%; EUA pedem divulgação do relatório da apuração

Nicolás Maduro, 61 anos, foi declarado o vencedor da eleição presidencial na Venezuela realizada ontem, com 51,2% dos votos, com 80% dos votos apurados, segundo informou a autoridade eleitoral do país na madrugada desta segunda-feira (29).

O principal candidato da oposição, Edmundo González, um ex-diplomata de 74 anos, ficou com 44,2% dos votos, segundo anunciou Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Ele atribuiu o atraso na divulgado dos resultados a um problema de “agressão” no processo eleitoral, mas sem entrar em detalhes. Amoroso também indicou que a taxa de participação dos venezuelanos foi de 59%.

Os venezuelanos aguardaram ansiosamente os resultados durante várias horas, quando a ex-deputada Delcy Solórzano, representante nacional da coligação de oposição perante a autoridade eleitoral, denunciou sem apresentar provas que o CNE tinha “paralisado a transmissão das atas” e que um “número significativo de centros de votações” estava retirando suas testemunhas para a contagem dos votos.

O resultado anunciado pela autoridade ocorreu apesar de diversas pesquisas de boca de urna não oficiais apontarem para uma vitória da oposição. Antes da eleição, pesquisas independentes davam a González, uma vantagem de 20 a 30 pontos percentuais, enquanto outros institutos ligados ao governo apontavam a reeleição de Maduro, 61 anos, para um terceiro mandato como presidente.

Os venezuelanos foram ontem às urnas para decidir entre a continuidade do governo de Maduro ou uma mudança de rumo de um regime que levou ao sucateamento do crucial setor de petróleo, com consequente colapso econômico e à hiperinflação.

Antes da divulgação do resultado oficial González, um ex-diplomata de 74 anos, e a líder da oposição María Corina Machado, tinha afirmado que havia “motivos para comemorar”, e fizeram um apelo aos apoiadores que continuassem monitorando a apuração de votos.

Depois de um dia de votação aparentemente calmo, vídeos postados nas redes sociais mostraram multidões começando a se reunir do lado de fora das principais seções eleitorais da Venezuela na noite de ontem, com cidadãos solicitando o relatório da contagem dos votos das autoridades. Enquanto isso, a TV estatal mostrou pessoas comemorando do lado de fora do palácio presidencial.

Após o anúncio da vitória de Maduro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira às autoridades eleitorais venezuelanas que divulgassem um relatório detalhado dos votos da eleição de ontem para garantir transparência do processo.

“Os EUA aplaudem o povo venezuelano por sua participação na eleição presidencial de 28 de julho, apesar dos desafios significativos e das profundas preocupações sobre o processo”, disse Blinken em nota. “Agora que a votação foi concluída, é de vital importância que cada voto seja contado de forma justa e transparente”, acrescentou.

Ontem, após o fechamento das urnas, o Ministério Público da Venezuela disse que dará uma entrevista coletiva à imprensa hoje, às 19h (de Brasília), para informar sobre a eleição presidencial.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, disse à Reuters por meio de uma declaração à imprensa que não previa violência e que, exceto por alguns incidentes isolados, a votação tinha sido pacífica.

Em Caracas, os eleitores formaram filas muito antes da abertura das urnas. Muitos haviam chegado já na noite anterior. No fim da tarde, alguns já haviam se dispersado, com o processo sendo mais eficiente do que muitos esperavam.

Porém, em outras partes do país, testemunhas da oposição citaram dezenas de incidentes de detenções ou outras formas de intimidação, segundo a Bloomberg. Em algumas cidades, as juntas de fiscalização eleitoral foram unificadas sem aviso prévio, provocando lentidão no processo de votação em uma tentativa, segundo a oposição, de desmotivar as pessoas que esperavam na fila sob o sol quente.

A presença de pequenas missões do Carter Center e da ONU, centenas de observadores locais, além de uma rede de cerca de 30 mil testemunhas voluntárias, pode desempenhar um papel na mitigação do risco de possíveis manipulações. Perto da eleição, a Venezuela retirou o convite para um grupo de observadores da mais robusto da União Europeia.

No início da noite de domingo, a vice-presidente americana e provável candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, divulgou no X uma nota dizendo que os “EUA apoiam o povo da Venezuela, que expressou a sua voz nas eleições históricas de hoje [ontem]”. “A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada. Apesar dos muitos desafios, continuaremos a trabalhar por um futuro mais democrático, próspero e seguro para o povo da Venezuela”, diz a mensagem de Kamala.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Pode ter acontecido como no Brasil,o lado mais forte não compareceu às urnas,eu mesmo sou Lula,mas não perco meu tempo em votar,rs.