Valor Econômico / Por Agências internacionais
Segundo autoridade eleitoral do país, o
candidato da oposição recebeu 44,2%; EUA pedem divulgação do relatório da
apuração
Nicolás Maduro, 61 anos, foi declarado o
vencedor da eleição presidencial na Venezuela realizada ontem, com 51,2% dos
votos, com 80% dos votos apurados, segundo informou a autoridade eleitoral do
país na madrugada desta segunda-feira (29).
O principal candidato da oposição, Edmundo González, um ex-diplomata de 74 anos, ficou com 44,2% dos votos, segundo anunciou Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Ele atribuiu o atraso na divulgado dos resultados a um problema de “agressão” no processo eleitoral, mas sem entrar em detalhes. Amoroso também indicou que a taxa de participação dos venezuelanos foi de 59%.
Os venezuelanos aguardaram ansiosamente os
resultados durante várias horas, quando a ex-deputada Delcy Solórzano,
representante nacional da coligação de oposição perante a autoridade eleitoral,
denunciou sem apresentar provas que o CNE tinha “paralisado a transmissão das
atas” e que um “número significativo de centros de votações” estava retirando
suas testemunhas para a contagem dos votos.
O resultado anunciado pela autoridade ocorreu
apesar de diversas pesquisas de boca de urna não oficiais apontarem para uma
vitória da oposição. Antes da eleição, pesquisas independentes davam a
González, uma vantagem de 20 a 30 pontos percentuais, enquanto outros
institutos ligados ao governo apontavam a reeleição de Maduro, 61 anos, para um
terceiro mandato como presidente.
Os venezuelanos foram ontem às urnas para
decidir entre a continuidade do governo de Maduro ou uma mudança de rumo de um
regime que levou ao sucateamento do crucial setor de petróleo, com consequente
colapso econômico e à hiperinflação.
Antes da divulgação do resultado oficial
González, um ex-diplomata de 74 anos, e a líder da oposição María Corina
Machado, tinha afirmado que havia “motivos para comemorar”, e fizeram um apelo
aos apoiadores que continuassem monitorando a apuração de votos.
Depois de um dia de votação aparentemente
calmo, vídeos postados nas redes sociais mostraram multidões começando a se
reunir do lado de fora das principais seções eleitorais da Venezuela na noite
de ontem, com cidadãos solicitando o relatório da contagem dos votos das
autoridades. Enquanto isso, a TV estatal mostrou pessoas comemorando do lado de
fora do palácio presidencial.
Após o anúncio da vitória de Maduro, o
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira às
autoridades eleitorais venezuelanas que divulgassem um relatório detalhado dos
votos da eleição de ontem para garantir transparência do processo.
“Os EUA aplaudem o povo venezuelano por sua
participação na eleição presidencial de 28 de julho, apesar dos desafios
significativos e das profundas preocupações sobre o processo”, disse Blinken em
nota. “Agora que a votação foi concluída, é de vital importância que cada voto
seja contado de forma justa e transparente”, acrescentou.
Ontem, após o fechamento das urnas, o
Ministério Público da Venezuela disse que dará uma entrevista coletiva à
imprensa hoje, às 19h (de Brasília), para informar sobre a eleição
presidencial.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab,
disse à Reuters por meio de uma declaração à imprensa que não previa violência
e que, exceto por alguns incidentes isolados, a votação tinha sido pacífica.
Em Caracas, os eleitores formaram filas muito
antes da abertura das urnas. Muitos haviam chegado já na noite anterior. No fim
da tarde, alguns já haviam se dispersado, com o processo sendo mais eficiente
do que muitos esperavam.
Porém, em outras partes do país, testemunhas
da oposição citaram dezenas de incidentes de detenções ou outras formas de
intimidação, segundo a Bloomberg. Em algumas cidades, as juntas de fiscalização
eleitoral foram unificadas sem aviso prévio, provocando lentidão no processo de
votação em uma tentativa, segundo a oposição, de desmotivar as pessoas que
esperavam na fila sob o sol quente.
A presença de pequenas missões do Carter
Center e da ONU, centenas de observadores locais, além de uma rede de cerca de
30 mil testemunhas voluntárias, pode desempenhar um papel na mitigação do risco
de possíveis manipulações. Perto da eleição, a Venezuela retirou o convite para
um grupo de observadores da mais robusto da União Europeia.
No início da noite de domingo, a vice-presidente americana e provável candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, divulgou no X uma nota dizendo que os “EUA apoiam o povo da Venezuela, que expressou a sua voz nas eleições históricas de hoje [ontem]”. “A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada. Apesar dos muitos desafios, continuaremos a trabalhar por um futuro mais democrático, próspero e seguro para o povo da Venezuela”, diz a mensagem de Kamala.
Um comentário:
Pode ter acontecido como no Brasil,o lado mais forte não compareceu às urnas,eu mesmo sou Lula,mas não perco meu tempo em votar,rs.
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