O Estado de S. Paulo
Seja qual for o resultado, estas eleições,
embora apenas municipais, terão influência sobre a política econômica do País.
Falta saber em qual direção e em que proporção.
A principal tendência firme é o
fortalecimento dos partidos à direita do espectro político. A pergunta número
um está em saber se, de olho nessa mudança de forças e nas eleições de 2026, o
governo Lula optará por dedicar-se a maiores cuidados com as questões fiscais e
com uma política mais liberal; ou se, em vez disso, reforçará a atual política
populista e desenvolvimentista, a fim de atrair a boa vontade do eleitor.
Antes, uma observação. Desta vez, nenhum partido ou nenhum figurão político questionou a segurança das urnas eletrônicas contra manipulações e fraudes eleitorais, como aconteceu com tanta veemência nas eleições passadas. Como as urnas e o sistema são os mesmos, ficam mais uma vez escancarados o artificialismo e as movimentações golpistas daquele momento.
O altamente provável fortalecimento dos
movimentos de direita deve dar ainda mais musculatura aos políticos
conservadores, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal. E isso não
esperará por 2026. Começará a se acentuar a partir de janeiro, antes mesmo da
eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, quando os congressistas
terão mais condições de impor suas vontades sobre as do governo federal. Só não
estão claras a magnitude e a intensidade desse novo cabo de guerra.
De todo modo, já se pressente por aí que a
governabilidade poderá vir a ser ainda mais prejudicada do que já é hoje.
Mesmo se optasse por governar mais afinado com o Congresso, o presidente Lula poderá não se inclinar por reforçar a responsabilidade fiscal, tal como manifestada nos dois primeiros anos do Lula 1, porque os políticos, também de olho em 2026, poderão pressionar por mais gastança, em favor de seus redutos eleitorais.
Também não é certo que Lula descambe por
acentuar sua política distributivista, porque o Congresso poderá levantar
barreiras a projetos dessa natureza. Ao contrário do que vêm afirmando alguns
analistas, só o rodar do tempo dirá que incertezas prevalecerão na política
econômica dos dois últimos anos do governo Lula.
Mas falta um novo ator. Como observou o economista John Kenneth Galbraith em seu livro Contando Vantagem, “em todo tipo de política, precisa-se de um inimigo”. Até agora, o inimigo alvejado pelo presidente Lula foi o presidente do Banco Central, contra quem foi injustamente assacada a responsabilidade por alguns dos problemas da economia. A partir de 2025, não poderá ser mais Roberto Campos Neto, porque o novo presidente do Banco Central e boa parte dos seus diretores serão da escolha de Lula. Ou seja, falta saber qual será a nova tábua de tiro ao alvo de Lula destinada a ser apontada como culpada pelas mazelas da economia.
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