O Estado de S. Paulo
Abre-se a possibilidade de que a pluralidade exibida nessas eleições municipais possa traduzir-se por várias apostas em 2026
O resultado das eleições municipais exibiu um
quadro de despolarização dos embates políticos, com as forças políticas mais
importantes, como o lulopetismo e o bolsonarismo, sofrendo importantes
transformações. O PT, aliado ao PSOL, padeceu de derrotas importantes, a
exemplo de São Paulo, Porto Alegre e outras capitais, enquanto o que se
convencionou chamar de bolsonarismo mostrou relevantes divisões internas.
O PT envelheceu não somente do ponto de vista etário de seus membros, mas, sobretudo, devido ao atraso de suas ideias. Há uma não renovação geracional, tendo o PT se tornado lulodependente, e uma não renovação ideológica, com o partido preso a antigas fórmulas, com pouca aderência à sociedade. Quando algo muda, como no abraço a políticas identitárias, torna-se progressivamente alheio à realidade, voltado para uma bolha que vive, minoritariamente, de sua própria reprodução.
O apoio a Guilherme Boulos, PSOL raiz,
mostrou um PT sem candidato forte, algo que era até há pouco inconcebível, e um
deslocamento ideológico, como se uma nova força pudesse alterar esse cenário.
Ora, o jovem é velho do ponto de vista das ideias e, além do mais, tudo fez
para encobrir o seu radicalismo. O líder dos sem-teto, amplamente conhecido por
desrespeitar a propriedade privada, de repente decide abraçar a economia de
mercado e o empreendedorismo, dialogando com Pablo Marçal, força dissidente do bolsonarismo.
Torna difícil para o eleitorado contornar tais flagrantes contradições.
Não se trata somente de que o PT e o seu
aliado PSOL precisem de uma melhor mídia social, avançando para a criatividade
das mensagens digitais. Até em sua atuação midiática permanece preso a fórmulas
ultrapassadas. O problema consiste em sua própria mensagem, que ficou
embolorada. A sociedade brasileira, desde que Lula da Silva ganhou sua primeira
eleição, sofreu profundas mudanças. Do ponto de vista dos valores, tornou-se
mais conservadora, aderindo a valores religiosos e familiares – avessa
profundamente a pautas identitárias –, como passou a prezar o empreendedorismo,
a livre iniciativa, sem o peso de um Estado ineficiente e devorador de
impostos. Lula prega mais empresas públicas e maior controle estatal, a
sociedade, mais prosperidade social e maior liberdade. As bolsas-esmolas
perderam o seu apelo.
Ressalte-se ainda a alergia do PT e seus
satélites a tudo o que diz respeito a críticas, uma vez que toda desavença é
desqualificada como “fascista” e “direitista”. Apega-se a uma tal “frente
democrática”, inexistente aliás, salvo em sua acepção propriamente esquerdista:
“frente democrática e anti-imperialista” com Vladimir Putin, Nicolás Maduro e
Daniel Ortega (apesar de suas malcriações), Hamas, Irã, Hezbollah e outros
exemplos propriamente “democráticos”. A desfaçatez, a hipocrisia e a má-fé são
manifestas.
A direita, por sua vez, aqui entendendo todo
o espectro que vai do centro ao bolsonarismo, sofreu uma importante
transformação. Convém aqui salientar, com exceção das franjas mais radicais do
bolsonarismo em relação à democracia, que essas distintas forças compartilham
dos mesmos valores, a saber, economia de mercado, direito de propriedade,
liberdades em seu amplo espectro, da econômica à política, passando pela
social, e instituições democráticas. Mostraram, isso sim, que ganharam
diferentes protagonistas, com novos líderes ganhando a cena política e
eleitoral.
Note-se que não se trata de uma mera
fragmentação, mas do surgimento da pluralidade dentro desse amplo espaço da
direita. A direita mostrou-se eleitoralmente plural, diversificada, com
lideranças e partidos seguindo caminhos próprios, independentes da figura de
Jair Bolsonaro, até então o polo aglutinador, como se a direita apenas a ele se
identificasse. Marçal apareceu como uma liderança independente do
ex-presidente, apresentando-se como uma alternativa interna ao bolsonarismo.
Bolsonaro perdeu em Goiânia para o governador Ronaldo Caiado, chegando aira
essa cidade para prestigiar o seu candidato no dia da eleição. Não foi atendido
pelos eleitores.
O MDB conseguiu eleger o prefeito de São
Paulo, tendo como aliados um grande espectro de centro, isto é, de direita,
contra PT/PSOL apoiados por Lula. Terá de decidir no futuros evai manter a
aliança coma esquerda nonívelf eder al.Obs erve-seque a vitória doa tualpref ei
toé tributária do governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, que acolheu
o seu projeto, afastando-se com cautela de Bolsonaro. O PSD, de Gilberto
Kassab, elegeu o maior número de prefeitos, em desavença com o ex-presidente,
colocando-se como um player importante para as eleições de 2026. Aventa-se
desde já a possibilidade de que lance candidato presidencial na figura de
Ratinho Jr., governador do Paraná e igualmente vitorioso.
Abre-se a possibilidade de que a pluralidade
exibida nessas eleições municipais possa traduzir-se por várias apostas em
2026, com características própria senão maisbol sonar o dependentes, embora o
ex presidente guarde, como Lula, força eleitoral .
Um comentário:
Nunca vi Boulos invadindo nada e,olha que eu nem sou contra,se fosse pra ele eu seria,claro.O que prejudica sua imagem é a agressividade,xingar Nunes de 'covarde' e Marçal de 'picareta',antes dos debates,pra mim foi demais!!!
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