Correio Braziliense
Se Trump for eleito, uma das primeiras ações
será anistiar os responsáveis pela invasão do Congresso. No Brasil, esse ato
será compreendido como incentivo para anistiar o pessoal que invadiu as sedes
dos Três Poderes
A eleição nos Estados Unidos não é nacional.
O processo resulta de várias eleições estaduais, cada uma com a própria
característica. Em cada estado, a cédula de votação, que pode ser de papel ou
eletrônica, oferece diversas opções ao eleitor que vota no presidente e nas
várias escolhas que ocorrem no mesmo dia, uma terça-feira. Até temas
comunitários aparecem nas cédulas. Por essa razão, fazer pesquisa eleitoral nos
Estados Unidos é algo muito perigoso. Os institutos já erraram muito.
Na eleição de Donald Trump, o país dormiu achando que Hillary Clinton tinha sido eleita, mas seu opositor conseguiu vencer nos estados com maior número de delegados. Ele perdeu no voto popular, mas venceu no Colégio Eleitoral. Trump perdeu, mas ganhou. Difícil de explicar, mas o jogo é esse. Agora, ocorre o mesmo fenômeno. Kamala Harris tem um ou dois pontos de vantagem sobre Donald Trump, mas isso não significa nada. A vantagem é ganhar nos estados que elegem o maior número de delegados. Quem ganha, leva todos os votos do estado. Califórnia e Nova Iorque, que possuem grande número de delegados, são francamente favoráveis aos democratas.
Mas, no resto do país, as opiniões se dividem
profundamente. Os Estados Unidos eram o país mais forte do mundo logo após o
fim da Segunda Guerra Mundial. Sua economia financiou a recuperação da Europa
devastada pelo conflito e expandiu seu capitalismo por todo o mundo. O dólar
era, e ainda é, a moeda de referência para transações comerciais. O poder
norte-americano se espalhou pelo planeta. Suas empresas buscaram novos mercados
e mão de obra mais barata. Eles criaram o conceito de mercado livre e de combate
ao protecionismo comercial.
Fizeram acordo com a China comunista, que
entrou para a Organização Mundial de Comércio. Chinês, ao contrário do
norte-americano, não gosta de guerra. Ao primeiro sinal de conflito, envia o
homem de negócios, enquanto os marines atuam em vários pontos do globo. Onze
formidáveis porta-aviões movidos por energia nuclear, com cerca de 5 mil
tripulantes cada um, navegam pelos mares do mundo. O custo dessa operação é
monumental. Vários bilhões de dólares/mês. Além do custo das dezenas de bases
militares espalhadas pelo planeta.
A China, hoje é a segunda maior economia do
mundo, atraiu empresas de vários países, entre elas as dos Estados Unidos. A
globalização radicalizou no conceito de integração e liquidou os mercados
locais. Todos foram invadidos por produtos predominantemente chineses com
preços baixos. Mas, no próprio mercado norte-americano, é difícil comprar
roupas fabricadas lá. São peças produzidas na América Central ou na Ásia. O
eleitor que vive no interior dos Estados Unidos, de repente, se viu com salário
menor ou até sem emprego. Esse eleitor, que se achava rico em relação ao resto
do mundo, começou a votar em quem prometia reviver seus melhores tempos. É
impossível fazer a história retroceder. Mas o eleitor norte-americano procura
respostas para seu recente desalento.
O país foi construído pela mão de obra dos
negros escravizados na África, por migrantes latinos, asiáticos e milhares de
europeus que fugiram da recessão e da pobreza na Inglaterra, na Irlanda e em
outros países da região. Essa mistura de gentes, com base em conceitos
protestantes, cada um por si, resultou nos Estados Unidos da América do Norte
com fundamento na liberdade e na capacidade do indivíduo de produzir seu
próprio futuro.
O Brasil não figura entre as principais
preocupações do governo de Washington. O problema maior deles é a fronteira
sul. Se Trump for eleito, uma das primeiras ações será anistiar os responsáveis
pela invasão do Congresso. No Brasil, esse ato será compreendido como incentivo
para anistiar o pessoal que invadiu as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Depois disso, virá a eventual anistia de Bolsonaro. Isso no território da
política. Na economia, a provável elevação de tarifas sobre produtos chineses
vai ter repercussões no Brasil e na política externa.
O confronto entre China e Estados Unidos
estará mais próximo. A distribuição de forças na diplomacia se modificou
profundamente. A Rússia conseguiu superar dificuldades criadas pelo bloqueio
econômico determinado pelos Estados Unidos e países europeus. A nova composição
dos Brics colocou Moscou e Pequim no centro de uma organização poderosa, em
termos financeiros, sem grandes preocupações com a democracia. É difícil
retornar aos anos sessenta, quando os Estados Unidos eram a potência absoluta e
universal. Hoje há, inclusive, a surpresa da Índia, que se tornou a quinta
maior economia do mundo. E cresce a mais de 7% ao ano. É a novidade com bomba
atômica, submarino nuclear e capacidade de enviar o homem à Lua.
Um comentário:
O jornalista se contorceu mas acabou reconhecendo que o republicano é o franco favorito nas eleições de amanhã dos Estados Unidos e aí as maldições Lançadas contra o Trump já sao conhecidas , a imprensa militante de esquerda está revoltada e inconformada com a possível vitória do Trump
O choro é livre livre !!!
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