O Estado de S. Paulo
Boa pergunta: se fosse na sua casa, você
pediria anistia para o 8 de janeiro? E no seu País?
Pergunta sugerida por um dos 11 ministros do Supremo para quem é a favor da anistia aos criminosos do 8 de Janeiro, principalmente, a deputados e senadores: “Se invadissem a sua casa, jogassem rojões, paus e barras em seus funcionários, destruíssem seus móveis e quisessem que o vizinho tomasse o poder e passasse a comandar sua família e sua residência… você pediria anistia?”
Se a resposta for não, como deveria ser a de
todos, a pergunta seguinte é: “E contra o País e a democracia, tudo bem?!”
Porque foi exatamente isso que os desordeiros fizeram no 8/1, invadiram,
atacaram, quebrando tudo o que viam pela frente no Planalto, STF e Congresso,
para derrubar a ordem constituída e tomar o poder à força.
Com os bolsonaristas em ação e o número de
assinaturas pró-anistia crescendo, governo e parte do STF parecem entrar no
modo “vão-se os anéis, ficam os dedos”, discutindo uma saída: redução de penas
para os imbecis manipulados pela cúpula golpista para quebrar tudo, mas sem
anistia para Jair Bolsonaro e seus generais.
Há quatro obstáculos. Pelas pesquisas, mais
da metade da sociedade é contra a anistia e, em segundo lugar, as mais altas
penas foram para os mais ativos na quebradeira, quando a maioria dos condenados
já cumpriu pena ou nem foi para a cadeia, como os 542 denunciados por crimes
menos graves que fizeram acordo com o MP. Reduzir pena de quem? Quantos? E
como, se as condenações transitaram em julgado em última instância?
O terceiro obstáculo é o substitutivo da
anistia, um novo golpe contra as instituições, a ordem e a democracia, prevendo
a impunidade de todos os acusados de “crimes por motivação política e/ou
eleitoral, e a estes conexos”. Atenção: “conexos” são todos os crimes, até o
plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes?
E o projeto também prevê transformar os
ministros do STF em réus, se insistirem nos processos, além de anular multas.
Quem fica com o prejuízo da quebradeira de prédios e bens públicos? Você, que é
de paz e democrata. O quarto obstáculo é o risco de uma crise institucional,
entre STF, Congresso e Planalto, com a pauta econômica congelada e as bombas de
Trump implodindo o mundo.
Ok, dá para discutir a redução de uma pena
excessiva daqui ou dali e uma pena para a cabeleireira Débora Santos que, na
prática, corresponda aos quase dois anos que já cumpriu... Só que o objetivo
não é esse, não é favorecer quem está sendo novamente inocente útil (não tanto
inocente, mas muito útil), como no 8/1, para os líderes golpistas. Uma anistia
para o golpe seria boazinha com os criminosos e perversa com o Brasil.
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