quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amigo de Lula é investigado por desvios

José Carlos Bumlai é acusado pelo Ministério Público por suposta distribuição de propina à Prefeitura de Campinas

Apuração sobre desvios de verbas de contratos de saneamento atinge primeira-dama; Onze acusados foram presos

Rogério Pagnan e Marília Rocha

CAMPINAS - O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, é investigado pelo Ministério Público Estadual por suposta participação em esquema de desvio de dinheiro da Prefeitura de Campinas (93 km de SP).

Segundo investigação do Gaeco, grupo da Promotoria especializado em organizações criminosas, Bumlai é suspeito de ser uma espécie de distribuidor de propinas de uma das empresas beneficiadas com contratos.

Onze empresários e servidores públicos foram presos semana passada sob suspeita de participação no esquema, que, estima-se, envolveu cerca de R$ 50 milhões em contratos municipais. Bumlai não teve a prisão pedida.

Em nome de uma empresa supostamente ligada ao esquema, a Constran, Bumlai levaria o dinheiro a um grupo de funcionários da prefeitura envolvido no esquema, segundo o Ministério Público.

A Folha entrou em contato com o escritório de advocacia que o representa, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

A suspeita da participação de Bumlai no esquema foi revelada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Bumlai é citado em depoimento à Justiça do ex-presidente da Sanasa (companhia de água e esgoto de Campinas) Luís Augusto Castrillon de Aquino, que negociou uma delação premiada.

Segundo o delator do esquema, Bumlai era o intermediário entre empresas que buscavam contratos com a prefeitura e a Sanasa.

Bumlai também é citado por Aquino em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça. A um interlocutor, o delator diz que Bumlai queria "proteger Lula", mas os promotores não informam o que Aquino quis dizer ao se referir ao ex-presidente.

A primeira-dama de Campinas, Rosely Nassin Santos, é apontada pela Promotoria como chefe do esquema de propina. Em maio, Rosely conseguiu na Justiça um habeas corpus preventivo e, por essa razão, o Ministério Público não pediu sua prisão.

A prisão do vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), foi decretada, mas ele está no exterior. No final da noite de ontem, o juiz Nelson Augusto Bernades prorrogou a prisão temporária de seis suspeitos.

O presidente estadual do PT Edinho Silva reuniu-se com o procurador-geral de Justiça, Fernando Grella, para pedir informações sobre a investigação. Ele disse que vincular o nome de Lula ao escândalo seria uma leviandade e o PT vai tomar medidas jurídicas caso alguém tente estabelecer a ligação.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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