Manifestações acontecerão em 15 estados no feriado de 12 de outubro
Tatiana Farah, Juliana Castro
SÃO PAULO e RIO. Jovens de pelo menos 15 estados brasileiros se articulam pela internet para sair às ruas na próxima quarta-feira contra a corrupção. Nascido e criado nas redes sociais, o movimento ganhou corpo no último 7 de Setembro, quando, só em Brasília, o protesto reuniu 35 mil pessoas, fazendo frente à festa de Independência do Palácio do Planalto.
Sob uma bandeira comum - o combate à corrupção -, é num caldeirão de ideias diversas e muitas vezes divergentes, de movimentos difusos e sem lideranças, que os jovens têm feito crescer a sua voz. Eles mantêm distância dos movimentos sociais tradicionais, como o estudantil, os sindicatos e o MST. À exceção dos que querem um partido próprio, a maioria diz ter aversão a siglas e a definições de "direita" e "esquerda".
- São conceitos que não existem mais- diz Felipe Mello, um dos organizadores do protesto em São Paulo.
No Rio, protesto acontecerá na Praia de Copacabana
A maioria desses jovens se conhece apenas pela internet, mas começou a participar ativamente de fóruns e até de videoconferências para organizar os protestos nas ruas. Nas Ruas, aliás, é o nome de um dos movimentos, como também há o Dia do Basta, o Movimento Contra a Corrupção (MCC) e o grupo de hackers Anonymous.
- Vamos levantar o protesto contra a corrupção nos três poderes. Queremos a constitucionalidade da Ficha Limpa e o fim do voto secreto- afirma Walter Magalhães, do MCC em Brasília.
Na última quinta-feira, Walter, empresário de 29 anos, fez sua primeira videoconferência para "alinhar o protesto nacionalmente". Da reunião de duas horas, participaram jovens de dez estados. Walter diz não ter filiação política e nunca ter feito outros protestos:
- O que me despertou foi a corrupção descarada.
No Rio, o ato vai reunir na Praia de Copacabana pelo menos sete grupos diferentes de combate à corrupção. Sob o slogan "Contra a corrupção, compartilhe honestidade", o protesto no Rio espera reunir novamente artistas do Grupo de Ação Parlamentar (GAP) no Posto 4, a partir das 13h. Na última manifestação, em 20 de setembro, compareceram e discursaram no carro de som os cantores Fernanda Abreu, Roberto Frejat e Tico Santa Cruz. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, Wadih Damous, confirmou presença.
A exemplo do que aconteceu em evento na Cinelândia, quando um protesto reuniu 2,5 mil pessoas, uma lista circulará entre os manifestantes para recolher assinaturas com o objetivo de pressionar o Congresso a aprovar o projeto que torna a corrupção crime hediondo.
- Na verdade, nos juntamos para este evento porque o foco é o mesmo: lutar pela Lei da Ficha Limpa, pelo voto aberto no Congresso, o fim do foro privilegiado para parlamentares etc- diz Cristine Maza, uma das organizadoras.
Em São Paulo, alguns grupos saíram das conversas digitais e organizaram encontros com os organizadores do protesto marcado para o vão livre do Masp. Cada grupo tem sua própria bandeira, desde defender o Ficha Limpa até a "demissão de toda a classe política", como escreve o pessoal do Dia do Basta, que também quer o crime hediondo para a corrupção e 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação.
- É um movimento sem lideranças. Não tem heróis, só os cidadãos - explica o ator e empresário Felipe Mello.
FONTE: O GLOBO
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