sexta-feira, 1 de junho de 2012

Prefeito declara guerra ao PT

Paulo de Tarso Lyra, João Valadares

O esforço do diretório nacional do PT em resolver o impasse no Recife só aumenta a crise entre os petistas pernambucanos. Inconformado com a anulação das prévias do último 20 de maio, o prefeito da capital pernambucana, João da Costa, anunciou que vai resistir até o último momento. Para ele, ser candidato se tornou mais que uma questão política, o que provocou revolta entre correligionários que buscam o diálogo. Não está descartada, inclusive, a expulsão de Costa dos quadros do PT.

Em entrevista, o prefeito não escondeu a insatisfação. "Fui achincalhado durante mais de três anos e, agora, resolvi enfrentar todos os obstáculos", disse ele. Costa venceu as prévias com 51,9% das intenções de voto, mas a disputa foi anulada pela Executiva Nacional do PT, sob a alegação de fraude no processo. Uma nova disputa foi marcada para este domingo. A mesma instância partidária deu, numa clara demonstração de intervenção, prazo até as 23h59 de hoje para o petista retirar a candidatura em benefício do senador Humberto Costa (PE).

O adversário de Costa nas prévias, o secretário de Governo de Pernambuco, Maurício Rands, renunciou em favor de Humberto Costa. Mas o atual prefeito já se armou juridicamente. Na quarta-feira, fez uma reunião em seu escritório político até tarde da noite para amarrar todos os detalhes. Uma ala forte do PT já defende sua expulsão se o impasse permanecer. Petistas ouvidos pelo Correio afirmaram que, se o atual prefeito esticar demais a corda, a única saída será a desfiliação.

O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, praticamente montou um "escritório político" na capital pernambucana. Desde que a crise estourou, ele não sai do Recife, onde tenta costurar um acordo que parece cada vez mais difícil. Na próxima terça-feira, está marcada nova reunião da Executiva Nacional, na qual a direção partidária espera uma solução para o impasse.

Governador

O PSB aguarda de longe, mas com particular interesse pela disputa petista. Com a saída de Rands do páreo, o governador Eduardo Campos perdeu o seu candidato preferido na disputa pela prefeitura recifense. O nome escolhido pelo PT para buscar um consenso — o senador Humberto Costa — tem uma relação política oscilante com o governador, alternando momentos de oposição e outros de proximidade. "Sem Rands, o que esperamos é um nome viável para vencer as eleições de outubro", disse um aliado do governador.

A capital pernambucana é estratégica nas pretensões políticas do governador Eduardo Campos. Ele não pode concorrer a um novo mandato estadual, mas pretende fazer o sucessor. O candidato natural é o atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Possível candidato ao Senado — de olho numa possível indicação a vice em aliança com PT — Eduardo Campos não pretende deixar brechas para que a oposição no estado (PMDB-PPS-DEM-PSDB) retome o controle da prefeitura da capital.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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