Em entrevista à imprensa de Sergipe, governador faz crítica direta ao PMDB na aliança com o PT da presidente Dilma Rousseff. No Recife, evita os repórteres
Débora Duque
Pela primeira vez, o governador Eduardo Campos (PSB) fez, publicamente, uma crítica forte e direta à aliança nacional entre PT e PMDB. Em entrevista ao jornal Cinform, de Sergipe, ele afirmou que a "expressão" que o PMDB está conquistando no acordo político com os petistas, visando a disputa de 2014, é "maior" do que o partido "representa" na sociedade. Ontem mesmo, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), rebateu a ofensiva do socialista (leia matéria abaixo).
A declaração de Eduardo Campos foi dada após o jornalista sergipano ter questionado se ele acreditava que a aliança PT-PMDB seria "indissolúvel" em 2014. "Há um grande risco para quem monta uma coalização para governar quando a aliança política não corresponde à aliança social feita para ganhar eleição. Acho que a expressão que o PMDB começa a tomar nessa aliança é muito maior do que o PMDB representa na sociedade brasileira e isso um dia será resolvido, ou pelos políticos, ou pelo povo", assinalou. A entrevista ao Cinform foi concedida na quinta-feira (24), durante a passagem de Eduardo por Aracaju, mas só foi publicada ontem.
A crítica do governador, que é presidente nacional do PSB, acontece no momento em que outras figuras do partido questionam a hegemonia do PMDB e trabalham para eleger o deputado Julio Delgado (PSB) à presidência da Câmara Federal. Na entrevista, Eduardo também voltou a ser evasivo ao tratar de uma possível candidatura presidencial em 2014. "Acho que é cedo para abrir esse debate. Qualquer resposta que venha a dar pode vir a ser interpretada como uma antecipação do debate sucessório", disse.
Ao mesmo tempo, reiterou que o País necessita de um "projeto estratégico" para o século 21 que ultrapasse as pautas do crescimento econômico e da inclusão social, todas bandeiras levantadas pelo governo petista. "Se a gente achar que é só o que está aí, então, não se vai a lugar algum. A população quer mais", provocou. Questionado sobre as dificuldades de combater a hegemonia do PT, em 2014, Eduardo fez questão de ressaltar que não há reeleição "fácil", mas ponderou que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem grandes chances de renovar o mandato se "entregar" o que "prometeu".
Ontem, após proferir uma palestra na Controladoria-Geral do Estado, o governador saiu sem falar com a imprensa local.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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