- Folha de S. Paulo
Com condenação de Lula, partidos ensaiam debate sobre revisão de regra no STF
Um fiel aliado de Lula procurou um ministro de Michel Temer no mês passado para reclamar do que considerava uma postura passiva do governo diante do risco de prisão do ex-presidente. Indignado, o petista argumentou que o Planalto deveria se valer de sua influência no Judiciário para reagir a uma caçada aos políticos que também mira a cúpula do MDB.
O objetivo era claro: apelar para o espírito de corpo e convencer Temer a atuar, nos bastidores, a favor da campanha pela revisão da regra que permite a execução de penas após condenações em segunda instância.
Ainda não há sinais de articulações concretas, mas os impactos da provável prisão de Lula se tornaram tema de discussões (por ora, difusas e desorganizadas) entre personagens relevantes de PT, MDB e PSDB —tripé do establishment político nacional.
Integrantes dos três grupos já manifestaram preocupação a ministros do Supremo Tribunal Federal, ampliando as pressões para que a corte mude seu juízo sobre a prisão de condenados em segunda instância.
A apreensão se acentuou depois que Alexandre de Moraes votou a favor da execução provisória de penas, no início de fevereiro. A decisão do ministro —que foi filiado ao PSDB e indicado ao STF por Temer— frustrou quem esperava que ele desequilibrasse o placar a favor dos políticos.
Embora apenas dirigentes do PT e advogados de Lula vocalizem a defesa do adiamento das prisões, tucanos também procuraram integrantes do Supremo para alertar que a ida do ex-presidente para a cadeia poderia até fortalecer o petista politicamente e provocar ainda mais incertezas nas próximas eleições.
O receio com os efeitos políticos é só a justificativa mais imediata para essas discussões. Além de Lula, há nas fileiras do PSDB e do MDB uma série de figurões que ficarão em perigo caso sejam derrotados nas urnas e percam o foro especial. Nesse caso, pegar carona com os petistas pode ser um bom negócio.
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