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Daqui não passa
Jair Bolsonaro foi obrigado a chamar o filho de doido, e o filho a concordar com ele, depois da reação provocada pela divulgação do vídeo onde o deputado Eduardo Bolsonaro, em resposta a uma pergunta, ensinou que bastariam um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra”, disparou Bolsonaro com medo de que a declaração do filho pudesse lhe custar votos a menos de sete dias da eleição. “Se alguém defender que o STF precisa ser fechado, de fato essa pessoa precisa de um psiquiatra”, alinhou-se o filho trapalhão.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou a expressão que Bolsonaro mais teme que preguem nele – “fascista”. Disse: “As declarações do deputado merecem repudio dos democratas. Pregam a ação direta, ameaçam o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo”.
Três do STF defenderam a instituição – Rosa Weber, e Marco Aurélio Mello e Celso de Mello, o decano da Corte, seguidos por presidentes de associações ligadas à magistratura e ao Direito e políticos de diversos partidos. Celso de Mello bateu duro:
– Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República.
Foi a primeira vez que deve ter ficado claro para Bolsonaro e sua turma de assessores truculentos que há limites que eles não poderão ultrapassar. E mais: que um presidente, mesmo que legitimado por um dilúvio de votos pode muito, mas não pode tudo, muito menos o que atente contra a legalidade.
Se Bolsonaro tiver entendido o recado, poderá até ser bem-sucedido no governo. Do contrário, enfrentará forte oposição e seu futuro será incerto.
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