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Caso do militar traficante deixa Bolsonaro furioso
E se tivesse sido uma bomba ao invés de 39 quilos de cocaína o conteúdo da mala de mão carregada pelo militar da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues que embarcou em um avião da comitiva do presidente Jair Bolsonaro sem passar pelo aparelho de Raios-X da Base Aérea de Brasília?
O ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse que não havia como prever uma coisa dessas, a não ser que tivesse “uma bola de cristal”. A bola seria dispensável. Bastaria que o GSI, responsável pela segurança do presidente da República, cumprisse com seu dever de garanti-la.
Bolsonaro embarcou para o Japão furioso com o que aconteceu e constrangido com a repercussão internacional da descoberta de que na sua comitiva havia um militar traficante de drogas. Pouco importa que o militar tenha acompanhado outros presidentes em viagens internacionais. Como provar que antes levou drogas?
A esperança de Bolsonaro de que nada parecido se repita está nos ombros do novo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues, que em breve assumirá o cargo. Rodrigues foi escolhido pelo próprio Bolsonaro para substituir um afilhado de Heleno.
Depois da facada de Juiz Fora, Rodrigues passou a cuidar da segurança do então candidato a presidente. Bolsonaro e os filhos gostaram do seu trabalho e aprenderam a confiar nele. Sua promoção a diretor da Abin significa que Bolsonaro terá acesso direto às informações da maior agência de espionagem do país.
Heleno está em baixa. Como foi o instrutor de Bolsonaro quando ele era cadete na Academia Militar de Agulhas Negras, continuará onde está, mas desgastado. Foi-se o tempo em que seus ex-colegas de farda imaginaram que ele poderia tutelar um presidente que no passado foi um capitão insubordinável.
Boletim sobre os garotos do capitão
Pau no militar traficante e na imprensa
No rastro da indignação do pai que cobrou punição rigorosa para o militar da Aeronáutica traficante de drogas, os garotos Bolsonaro se pronunciaram nas redes sociais e fora delas. Só faltaram acusar a oposição de ter adicionado os 39 quilos de cocaína na mais famosa mala do momento. Sobrou para imprensa também.
Flávio, o Zero Um, senador: “É um criminoso, e bandido bom é aquele que a gente conhece deitado, enterrado. É difícil até tentar tipificar a conduta desse bandido. Se seria ‘apenas’ um traficante de drogas utilizando um avião da Presidência da República, ou se tem intenções de criar mais um problema contra o atual governo”.
Carlos, o Zero Dois, vereador: “O nome da minha família mais uma vez foi citado por um vereador que pra mim é um zero a esquerda, um cabeça de balão”. [Em resposta ao vereador Tarcísio Mota, do PSOL, que exigiu respeito, Carlos acrescentou:] “Respeito é o cacete! Eu respeito quem eu quiser! E você tem que ir pra Venezuela fazer um regime porque está muito gordinho, tá bom?”.
Eduardo, o Zero Três, deputado federal: “Sabe por que não há jornalista bolsonarista sofrendo? Porque não existe jornalista bolsonarista na grande imprensa. Se existe vive escondido porque se botar a cara não seria contratado. Assim, qualquer jornalista que seja demitido será de esquerda e, claro, a esquerda botará a culpa da demissão no Bolsonaro.”
O apagão do Posto Ipiranga
Guedes está infeliz
O ministro Paulo Guedes, da Economia, o ex-Posto Ipiranga de Bolsonaro, anda com os nervos a flor da pele desde que perdeu para Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, a condição de pai da reforma da Previdência a ser aprovada pelo Congresso.
Há duas semanas não se conteve e criticou duramente o novo texto da reforma apresentado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator do tema na Comissão Especial da Câmara. Em seguida foi atropelado pelo anúncio da demissão do presidente do BNDES.
E desde então saiu de cena, recolhendo-se ao silêncio. Quando recuperou a voz foi para dizer ao governador Camilo Santana (PT-CE) que “Congresso é uma máquina de corrupção”. E, depois, para explicar que o que dissera havia sido retirado de contexto.
Não se conforma com o que aponta como desidratação do projeto original da reforma. Nem com o comportamento do presidente da República que não parece ligar para o que possa acontecer com a reforma no Congresso. Está infeliz e não esconde.
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