Defesa da soberania na Amazônia e ataque à esquerda ganham destaque na cobertura sobre a participação do presidente brasileiro
- O Globo
RIO – A imprensa internacional reagiu de forma crítica ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, destacando a defesa que ele fez da soberania na Amazônia e os ataques à esquerda e ao socialismo no passado e no presente do planeta.
Em seu site, a rede britânica BBC deu uma manchete em separado para Bolsonaro e sua afirmação de que a Amazônia pertence ao Brasil. Segundo a BBC, o presidente brasileiro assumiu um tom “desafiador” ao abordar a questão, criticando o sensacionalismo da mídia. Em contraponto, a rede acrescenta no mesmo link reportagem de seu correspondente na América Latina, Will Grant, no Pará, em que o repórter relata a destruição da floresta do “epicentro da crise”.
O também britânico Guardian , por sua vez, colocou seu correspondente para a América Latina, Tom Phillips, para acompanhar e comentar a participação de Bolsonaro em sua cobertura ao vivo da Assembleia Geral. Segundo Phillips, com um discurso “aparentemente escrito por seus assessores mais radicais de extrema direita”, Bolsonaro ofereceu ao mundo um vislumbre de “um governo introvertido, obcecado por conspirações e profundamente arrogante” que agora está à frente do país.
'Ataque trumpiano'
“Alguns tinham esperança de que Bolsonaro adotasse um tom mais conciliador ao se dirigir aos líderes mundiais na ONU pela primeira vez, mas em segundos ficou claro que eles iriam se decepcionar”, escreveu o jornalista do Guardian, dando como exemplos seu “ataque trumpiano” ao socialismo, as indiretas ao presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a Amazônia, e as críticas ao politicamente correto e aos “progressistas ateus”, para “deleite de seus apoiadores pentecostais”. Concluindo, Phillps afirmou que os aplausos protocolares “não deixaram dúvidas de que muitos delegados não podiam esperar para se verem livres do líder do Brasil”.
O ataque de Bolsonaro ao socialismo também ganhou destaque na avaliação do discurso pela Bloomberg . Segundo a agência, o presidente “cimentou a ruptura da tradição de multilateralismo do país” com sua agressiva defesa da soberania na Amazônia. Focada em economia, a agência também lembrou o esforço mencionado pelo brasileiro para a abertura do país antes de voltar a atacar a “ideologia de esquerda” por trás da facada que sofreu durante a campanha eleitoral no ano passado.
Já a rede americana CNN só menciona o discurso de Bolsonaro brevemente na sua cobertura ao vivo da Assembleia em seu site. Em sua página, a CNN se limita a reproduzir a frase do presidente de que “a Amazôna não está sendo devastada nem consumida pelo fogo como a mídia mentirosamente diz” para logo, a espelho da BBC, oferecer um contexto da reportagem que fez sobre aumento de 85% nas queimadas na região em agosto.
A versão brasileira do site do jornal espanhol El Pais, por fim, diz em sua manchete que no discurso na ONU Bolsonaro escancarou seu "programa de ultradireita e anti-indígena".
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