Governo
paga por imunizante que foi criticado pelo presidente em ataque a Doria
Nem
os auxiliares de Jair Bolsonaro conseguem sustentar por muito tempo o circo
político armado diariamente pelo chefe. Em menos de 24 horas, o Ministério da
Saúde foi obrigado a cortar
mais um fio da campanha do presidente contra a vacina chinesa para a
Covid-19, produzida em São Paulo.
A
pasta anunciou nesta terça (20) que vai pagar R$ 2,6 bilhões para incluir 46
milhões de doses da Coronavac em seu Programa Nacional de Imunizações.
Bolsonaro deveria explicar por que vai gastar uma fortuna com um produto que,
na véspera, ele mesmo tentou desmoralizar.
Na
segunda (19), o presidente abriu um evento disposto a atacar a vacina chinesa
para acertar o governador João Doria (PSDB). Em poucos minutos, ele
criticou o preço do imunizante, insinuou que sua eficácia não está comprovada e
citou um levantamento que indica que 46% dos brasileiros recusam sua aplicação.
Alguém
poderia imaginar que o presidente se converteu às escrituras científicas, que
passou a acreditar nas pesquisas de opinião ou que finalmente decidiu dar bola
para a saúde. Mas as autoridades do próprio governo trataram de desmascarar o
que já estava evidente.
A
negociação com os paulistas para a distribuição da Coronavac mostra a dimensão
do absurdo fabricado por Bolsonaro. Ao mirar Doria, o presidente disse que o
tucano produz “terror” ao anunciar que o imunizante deve ser compulsório no
estado. O ministro da Saúde descartou a obrigação, mas também não ouviu a
bobagem do chefe sobre a vacina.
Bolsonaro
não ficou satisfeito em atrapalhar os esforços para frear a contaminação pelo
coronavírus e em desdenhar de seus mortos. Ele ainda procura novas oportunidades
para extrair benefícios políticos de cada etapa da pandemia.
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