Meus amigos são todos assim:
metade loucura, outra metade
santidade. Escolho-os não pela
pele, mas pela pupila, que tem que ter
brilho questionador e tonalidade
inquietante. Escolho meus amigos
pela cara lavada e pela alma
exposta. Não quero só o ombro ou
o colo, quero também sua maior
alegria. Amigo que não ri junto, não
sabe sofrer junto. Meus amigos são
todos assim: metade bobeira,
metade seriedade. Não quero risos
previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que
fazem da realidade sua fonte de
aprendizagem, mas lutam para que
a fantasia não desapareça. Não
quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra
metade velhice. Crianças, para que
não esqueçam o valor
do vento
no rosto, e velhos, para que nunca
tenham pressa. Tenho amigos para
saber quem eu sou, pois vendo-os
loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me
esquecerei de que a normalidade é
uma ilusão imbecil e estéril.
Um comentário:
Este poema não é do Oscar Wilde? Ele é declamado pelo Abujamra como sendo do Oscar Wilde neste link: https://www.facebook.com/watch/?v=4594786197201949
E me parece muito pouco Fernando Pessoa...
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