domingo, 3 de julho de 2022

Bruno Boghossian; Eleitor terá que escolher quem vai gerenciar um país na pindaíba

Folha de S. Paulo

Alívio temporário aumenta competitividade de Bolsonaro e leva brasileiro à urna em terreno da ilusão

Quase 20 milhões de famílias vão às urnas em outubro com um valor extra em seus cartões do Auxílio Brasil. Outras tantas terão um vale-gás turbinado, enquanto milhares de caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativo contarão com uma ajuda do governo para encher o tanque. Todos esses eleitores devem votar com mais dinheiro no bolso, mas estarão mais pobres no dia em que o próximo governo tomar posse.

A movimentação do Congresso para abrir os cofres e criar benefícios temporários no período de campanha devolve alguma competitividade a Jair Bolsonaro. Os pagamentos devem contribuir para uma redução transitória da sensação de mal-estar provocada pela inflação, ao menos em segmentos-chave.

A criação do Auxílio Brasil em dezembro não foi suficiente para impulsionar Bolsonaro no eleitorado de baixa renda porque o aumento de preços comeu boa parte do benefício. O reajuste oferecido agora não deve tornar o presidente favorito, mas pode suavizar a desvantagem de 36 pontos que ele tem em relação a Lula nesse grupo —o que seria suficiente para garantir que haverá um segundo turno.

O voto desses eleitores será dado num terreno ilusório. O candidato que eles escolherem não vai administrar o Brasil de outubro, com os amortecedores criados pelo governo, mas um país na pindaíba.

A política de improvisos para tapar buracos da inflação e dar fôlego a Bolsonaro muda um parâmetro relevante da eleição. O futuro presidente já não teria vida fácil a partir de 2023, mas agora também terá quer dar respostas aos brasileiros que verão o fim de benefícios, além de pagar a fatura de R$ 41 bilhões deixada por esses programas.

O quadro força um ajuste na decisão que o eleitor vai tomar diante da urna. Em vez de julgar o desempenho de um governo e o alívio criado por medidas temporárias, ele deverá escolher quem vai gerenciar a próxima crise econômica. Bolsonaro já mostrou o que (não) consegue fazer em situações como essa.

4 comentários:

Anônimo disse...

Você já está sentindo que a vaca foi pro brejo agora então que o Lula está sendo ligado diretamente ao primeiro Comando da capital já era meu amigo já era é só chorar

Anônimo disse...

Com a terceira via temos uma possibilidade se salvar nossa pátria desmilinguida de mais 4 anos perdidos quem sabe 8 anos

Anônimo disse...

Estão avisando tentativa de phishing deve ser esse comentador acima, tomem
Cuidado com fake News gente

ADEMAR AMANCIO disse...

Primeiro Comando da Capital.
Sei.