domingo, 4 de setembro de 2022

Eliane Cantanhêde - Lábia só não basta

O Estado de S. Paulo

Alckmin não é suficiente para o Sudeste nem Michelle para evangélicos, mulheres e pobres

O maior desafio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é manter o Sudeste, particularmente São Paulo. O do presidente Jair Bolsonaro (PL) é mais amplo: furar o teto no eleitorado evangélico e a muralha do principal adversário no Nordeste e entre os mais pobres, as mulheres e até os que ganham o Bolsa Família, ops!, o Auxílio Brasil.

Lula e Bolsonaro recorrem ao discurso do “mal maior” ao mirar nos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que crescem, fazem toda a diferença para uma vitória ou não em primeiro turno e terão peso no segundo. Resiliente, Ciro beira os 10%. E Tebet é a novidade, atrai atenção e simpatia de diferentes faixas.

Lula precisa mais do que boa lábia para massificar a tese do voto útil desde já, calibrando como esvaziar Ciro e estancar Tebet sem efeito bumerangue. Já Bolsonaro tem de maneirar modos e falas para manter Ciro e Tebet vivos e evitar o primeiro turno hoje e atrair seus eleitores amanhã.

Em 2018, Bolsonaro só perdeu no Nordeste. Em 2022, Lula lidera em todas as regiões. Tem 58% a 24% no Nordeste, está numericamente à frente, apesar do empate técnico, no Sul, Norte e Centro-Oeste, e o risco é no Sudeste. Sudeste e Nordeste têm 70% do eleitorado. Definem a eleição.

Lula perdeu três e Bolsonaro subiu três pontos e a diferença pró-Lula está em só 40% a 35%, o que reflete claramente São Paulo, onde Lula caiu quatro e Bolsonaro subiu quatro pontos. Logo, a distância entre os dois principais candidatos reduziu seis pontos no Sudeste e oito em São Paulo.

Por que? Reação da economia (empregos, inflação e PIB) e melhora na avaliação do desempenho de Bolsonaro, o que sempre ocorre com candidatos à reeleição no início do horário eleitoral. O pano de fundo é o antipetismo no interior paulista, com seus 18,2 milhões de eleitores. A alavanca, a campanha de Tarcísio de Freitas ao Bandeirantes.

O fator Geraldo Alckmin não tem sido suficiente no principal Estado, assim como Michelle Bolsonaro, isca para mulheres, evangélicos e pobres, também não, no lado oposto. Em vez de moldar Lula para o centro, o ex-tucano oscilou para a esquerda. Em vez de ajudar, a primeira-dama reforçou o pior de Bolsonaro ao atacar religiões de matriz africana e atiçar ódio e divisão, não paz e harmonia.

E a força bruta de Bolsonaro perde força com os 107 imóveis negociados pela família, 51 deles com dinheiro vivo – e não justificado. Corrupção contra corrupção? A grande massa do eleitorado é pobre e quer saber quem vai combater a pobreza e trazer paz, emprego, prosperidade e comida na mesa. O grande foco não é mais corrupção, é miséria.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se você fosse enumerar os crimes praticados por Lula em seus oito anos de governo, mais os seis anos de desgoverno da Dilma você preencheria toda sua coluna , no entanto você finge que o Lula é um grande homem que vai salvar o Brasil
Em um futuro breve vocês todos serão julgados como coniventes dessa quadrilha em que o Lula é o chefe
Uma grande teia de cinismo e hipocrisia cobriu o jornalismo brasileiro, com raras porém valiosas exceções
A imprensa deixou de ser profissional e imparcial pra virar em um partido político de oposição
Uma vergonha nacional
O povo está vendo tudo e vai dar a resposta nas urnas

Anônimo disse...

A propaganda gratuita bolsonarista está falando de um tal Jair, boa gente, respeitador das mulheres, bom militar, religioso... Fiquei curioso mas nada entendi, pois a propaganda deveria ser da reeleição do Bolsonaro, o pior presidente que já tivemos, mentiroso compulsivo, defensor da ditadura e da tortura, corrupto, capitão das rachadinhas, expulso do exército por explodir bombas e onde era chamado de bunda suja, apoiador de milicianos e criminosos ambientais, que seguidamente desrespeita mulheres e principalmente jornalistas, dizendo que não merecem ser estupradas por ele... Irresponsável que combateu vacinas e retardou por meses a compra delas, e manteve um general capacho no ministério da Saúde, tirando 2 médicos ministros que queriam combater a pandemia, e deixou o general incompetente só porque obedecia suas ordens de rejeitar as recomendações da OMS. Conhecido como genocida, e denunciado por diversos crimes pela CPI da Covid.

ADEMAR AMANCIO disse...

A coisa não está fácil pra ninguém.