quinta-feira, 6 de outubro de 2022

William Waack - O irreversível

O Estado de S. Paulo

País fica inviável se não for superado o profundo choque Lula-Bolsonaro

Confirmou-se no domingo que Lula é maior que a esquerda e Bolsonaro, menor que a direita. Tanto nas eleições proporcionais quanto nas diretas o avanço de nomes ligados à “esquerda” foi menor do que Lula conseguiu para si mesmo. Da mesma maneira, Bolsonaro ficou menor no primeiro turno do que a projeção alcançada pela “centro-direita”.

Claro que isso tem a ver diretamente com os dois personagens. Lula continua sendo para uma expressiva camada do eleitorado o “pai dos pobres” – algo só comparável ao que foi o getulismo, e igualmente irreversível como fenômeno de massas.

Bolsonaro é considerado um “mito” por outro fenômeno também irreversível, o bolsonarismo. Ocorre que dentro da demanda geral do eleitorado, que é claramente de centro-direita, Bolsonaro não é unanimidade e angariou forte rejeição mesmo entre os que detestam Lula.

Caso se confirme seu favoritismo atual, Lula terá de lidar com dois amplos problemas políticos que, se não forem resolvidos, tornam o País inviável. O primeiro é a herança da Lava Jato. Ao contrário do que diz Lula, parcela significativa do eleitorado não acha que a operação anticorrupção foi um erro, e o enxerga apenas como um ladrão.

O segundo é a amplitude eleitoral da demanda de “centro-direita”, que não pode ser igualada a “bolsonarismo” (entendido como adesão cega ao líder populista). Mas é o que fez a estratégia petista quando buscou o voto útil dizendo que ajuda o fascismo e a barbárie quem não vota no Lula. O Congresso eleito é um banho de realidade (e uma dura resposta) para a campanha petista.

É uma espécie de “Brasil profundo” que saiu rugindo das urnas, e que dificilmente se enquadra nas convenções da Ciência Política sobre o que seja direita ou esquerda. Talvez a antropologia cultural seja a melhor disciplina para se tentar entender. Há nessa ampla corrente traços de arraigada boçalidade política (incluindo todo tipo de preconceito), aversão às elites e à ciência, aos princípios democráticos e instituições em geral (Judiciário e imprensa, entre outros).

Mas também apego à liberdade do indivíduo, disposição de empreender, necessidade de segurança jurídica, simplificação de regras, solidariedade com os mais vulneráveis, valores religiosos e de família. E uma forte identificação com a difusa ideia (que a figura de Bolsonaro capturou lá atrás) de que os sistemas político, eleitoral e de governo atuam contra o Brasil “que trabalha e produz”.

Lula não indicou claramente como pretende superar o quadro acima caso volte ao Planalto. Bolsonaro, se reeleito, não poderá contar com o apelo que já representou. Não serão tempos fáceis.

7 comentários:

Anônimo disse...

Em 04/10, o anônimo das 15:23, no artigo da Cantanhêde, disse o seguinte, rebatendo meu comentário de q BOZO NÃO TEM CAPACIDADE:
"Por outro lado, não podemos subestimar Bolsonaro; talvez ele não seja brilhante ou genial, mas conseguiu aproveitar suas oportunidades"

Pois bem, eu q sou lulista, voto no bozo se alguém demonstrar inteligência nos 2 seguintes atos do bozo, considerando as eleições atuais;
1/2) Xingar os nordestinos de analfabetos ontem e
2/2) Xingar as canditadas Tebet e Thronicke de estepe e trambique.

Eu penso q bozo é muito burro e w apenas montou no cavalo selado q passou (ódio ao PT) e, por incapacidade total, está matando o cavalo (ou seja, teve sorte e a desperdiça).

Mas vamos lá, mostrem a inteligência nestes atos, q eu só não vejo pq tenho preconceito com bozo e q ele esteja "aproveitando a aportunidade" ao xingar.

Anônimo disse...

Discordo do colunista, o país ficará inviável se por enorme desgraça for eleito o GENOCIDA!
Sobre o comentário do Anônimo acima:
Nestes e em tantos outros atos não há inteligência! Mas isto não significa que ela também falte noutros atos! Ele é esperto o suficiente pra explorar à exaustão a corrupção dos governos petistas e os tantos problemas dos governos Dilma. Lógico que ele talvez não faça isto pela sua cabeça diretamente, mas é inteligente pra receber dicas de assessores e usá-las, assim como mostrar muitos dados positivos do seu DESgoverno, alguns mentirosos e outros reais mesmo!

Anônimo disse...

Entenderei o termo "não há inteligência" com sendo "há burrice".
Mas peço q vc se manifeste mais objetivamente: inegavelmente, bozo corre risco de não se reeleger e sabendo q ele teve o Brasil nas mãos, eu penso q ELE ERRA MAIS DO Q ACERTA.
ISSO É BURRICE!

Bem, como ninguém demonstra inteligência nas 2 atitudes acima e q vc mesmo concorda com a falta de inteligência, CONTINUO ELEITOR DO LULA.
Ah, gado, antes de me xingar por ser eleitor do Lula, mostre q o bozo foi inteligente nos 2 fatos acima.

Anônimo disse...

Desculpe. Gado logo acima não refere ao anônimo com quem converso.

Anônimo disse...

Nesse blog há uma condição de quem não vota em Lula é gado, esquecendo que muitas vezes nem um e nem outro serve para o eleitor. Quero dizer, não gosto do Lula e nem do Bolsonaro e sou gado nas cabeças de pessoas ofensivas por natureza. Sou uma pessoa que acha que o país merece mais do que esses indivíduos.

Anônimo disse...

Qualquer pessoa erra e acerta nas suas atitudes, neste ponto Bolsonaro é humano e também age assim. Penso que ele é um animal intuitivo, mas que age muitas vezes calculando a reação de seus apoiadores, e nisto demonstra uma razoável inteligência, mesmo que pouco sincera. Mas outras vezes ele age impensadamente e reage apenas instintivamente, e aí muitas vezes demonstra falta de inteligência ou raciocínio. Por outro lado, acho que ele frequentemente faz questão de se exibir em situações muito duvidosas, quer chamar atenção e ser motivo de polêmica ou discussão, o que aparentemente agrada seus seguidores, mas também aumenta ainda mais sua rejeição, o que não parece inteligente, mas talvez amplie sua valorização pelos seus apoiadores.

ADEMAR AMANCIO disse...

O País merecia alguém que não despertasse idolatria,claro,mas no momento temos de optar pelo mal menor.