Folha de S. Paulo
Atividades de alto custo social como jogos
e drogas deveriam pagar mais e não menos impostos
Moralismo não é o meu forte. Não me oponho
ao jogo, nem às drogas,
nem à prostituição. Desde que as partes não sejam forçadas por terceiros a
fazer o que não desejem, não é função do Estado determinar o que as pessoas
fazem com seu dinheiro, suas mentes ou seus corpos. Daí não decorre que o poder
público seja um completo desinteressado nessas matérias.
Muitas vezes, é a coletividade que paga por decisões individuais que se mostrem custosas. O caso mais notório é o da utilização de drogas. Uma parte dos usuários acaba desenvolvendo problemas mais sérios, que incluem agravos à saúde física e mental e redução da produtividade.
Como não me parece que seja o caso de abandonar
dependentes químicos à própria sorte, deixando-os na sarjeta, acho que é mais
justo tributar mais fortemente as atividades econômicas que geram esse tipo de
problema do que jogar a totalidade dos ônus no caixa geral. Não é uma solução
perfeita, mas é melhor que os usuários de drogas paguem proporcionalmente mais
do que o conjunto da sociedade pelos problemas que elas causam.
Algo parecido vale para o jogo. Apostadores
patológicos acabam gerando custos para o erário. É mais justo
que a maior fatia dessa conta seja dividida com outros jogadores do que
empurrada para o conjunto dos contribuintes, incluindo aqueles que não jogam.
Parece-me equivocada assim a MP do governo
que estabelece para as apostas esportivas uma alíquota de impostos inferior à
cobrada de atividades com menor custo social. Pela proposta do
governo, os jogadores pagarão uma alíquota de 18% sobre as receitas das
apostas, descontados os prêmios. Pelo andar da reforma
tributária, hospitais privados terão uma alíquota de 25%.
Se a ideia da reforma tributária é imprimir racionalidade ao sistema de impostos, começamos mal. Na maior parte do mundo civilizado, jogos e drogas pagam mais tributos do que atividades essenciais como a saúde.
Um comentário:
Esqueceu de falar sobre bebida de álcool e cigarro-comum,o tabaco,apesar que esses produtos já são altamente tributados.
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