Folha de S. Paulo
Grupo de 120 deputados une 70% do PL e demais
bolsonaristas e antipetistas espalhados por União Brasil, PP, PSD, Republicanos
e MDB
O pedido de
impeachment de Lula que deve ser protocolado nesta quarta-feira
(21) é daqueles lances da política em que os próprios autores sabem que não vão
dar em nada, mas ironicamente há uma utilidade ao governo.
A lista de signatários reúne de forma
didática e atualizada a real oposição a Lula na Câmara.
Quem não acompanha o dia a dia de Brasília
até se assusta com a informação de que cerca de 30 integrantes de partidos
governistas assinariam o pedido que visa ejetar o petista da cadeira de
presidente.
Sinal de erosão do apoio parlamentar do governo? Indignação com a comparação da ação de Israel em Gaza à de Hitler com os judeus? Motim? Nada disso.
Esses 30 deputados, embora habitem partidos
que hoje estão com Lula, ou compõem o núcleo parlamentar antigoverno e anti-PT, como Kim Kataguiri
(União Brasil-SP), Pedro Lupion (PP-PR) e a bancada do Novo
(três deputados), ou são simplesmente bolsonaristas, como Osmar Terra (MDB-RS)
e Delegado Palumbo (MDB-SP).
Também pode parecer estranho ao espectador
desavisado que 30% da bancada do PL de Jair
Bolsonaro não tenha assinado o pedido e que, eventualmente, até
vote a favor do governo. Seriam lulistas infiltrados? Também não. São apenas
centrão, não bolsonaristas de carteirinha.
Lula tem uma oposição aberta de cerca de 125
deputados, em um universo de 513. Céu de brigadeiro? Também nesse ponto, a
resposta é não.
A base real de Lula é composta pelo PT e os
demais partidos de esquerda, que somam mais ou menos o tamanho da oposição, 125
cadeiras.
Metade da Câmara, cerca de 250 deputados, é
formada pelo centrão (PP, Republicanos e,
como visto, cerca de 30% do PL) e por outros partidos de centro e de direita,
principalmente PSD, MDB e União Brasil.
Esse blocão nem-nem (nem governo raiz nem
oposição raiz) é que dá as cartas na atualidade.
Por ora está com Lula, a troco de muito
ministério, cargo e emenda, em uma relação de solavancos e desconfiança. Esse é
o principal problema de Lula, não o impeachment.
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