sábado, 22 de junho de 2024

Dora Kramer - A realidade condena

Folha de S. Paulo

Lula quer soluções simples e rápidas para situações complicadas e duradouras

Soluções simples e rápidas nunca deram certo no enfrentamento a situações complicadas e duradouras na economia brasileira. Foram várias tentativas frustradas na primeira década de redemocratização, justamente pela preferência de governantes por medidas de impacto imediato. Daqueles erros emergiu o aprendizado de economistas liderados por um político de visão avesso a imediatismos que resultou no acerto do Real, um plano de 30 anos bem vividos.

De execução aparentemente complicada, dadas as contas a serem feitas na URV, o projeto foi negociado com o Congresso, testado na prática ao longo de quatro meses e finalmente incorporado como patrimônio social pela população. Daí decorreu o êxito incontestável.

Lula e o PT à época contestaram, mas apesar de terem sido obrigados a aderir sob pena de não governar quando assumiram o comando, ainda hoje discordam das balizas fundadoras da estabilidade econômica.

É o que se evidencia diante das críticas do partido a qualquer investida na direção do equilíbrio fiscal e da exigência do presidente Luiz Inácio da Silva para que a Fazenda e o Planejamento encontrem soluções simples e rápidas para o aprumo das contas públicas.

À demanda inexequível Lula aliou a renovação dos ataques ao presidente e à autonomia do Banco Centraldesta vez com o aumento da temperatura de agressividade, acusando Roberto Campos Neto de prejudicar o país em decorrência de alinhamentos políticos adversários.

Qual a razão dessas atitudes do presidente? Duas hipóteses que se complementam: uma, consolidar a escolha de Campos Neto como o bode expiatório preferencial para tudo o que de porventura der errado na economia.

Outra é sinalizar que o próximo presidente do BC, nomeado por ele, se for autônomo como manda a lei, seguirá sob ataque e aí sob a égide da contradição. Teremos, assim, a materialização de um tiro no pé porque a realidade o condenará.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Nunca podemos esquecer que sempre assim agiu Lula , centralizador e querendo ter o controle total do Banco Central e da Petrobras , o da Petrobras já conseguiu , agora vai botar a mão no Banco Central pra fazer os seus sonhos reduz a inflação os juros tudo na marra, pra depois explodir lá na frente no colo do contribuinte Mas parece que dessa vez o plano vai dar errado a turma do dinheiro da Faria Lima já está de nariz torto pra esse governo, quem sabe estão preparando a entrada do alckmin

ADEMAR AMANCIO disse...

Sei.