Folha de S. Paulo
Legendas precisam decidir se emergem ou se
submergem na lama do descrédito
Um dilema se impõe aos partidos e a seus
políticos: ou eles dão um jeito de acabar com os abusos ao dinheiro da
coletividade ou o uso abusivo do financiamento público dessas agremiações
acabará com o que resta da pouca credibilidade de que ainda dispõem junto aos
brasileiros.
Caso sigam indiferentes, cedo ou tarde caberá à sociedade ou à Justiça, esta provocada por aquela, dar um fim ao impasse retirando do Legislativo a vantagem da iniciativa.
É uma encruzilhada. Agora cabe ao Senado decidir
se inicia a construção de um caminho para sair dela ou se prefere afundar na
lama do descrédito e da amoralidade, em prejuízo da saúde democrática.
A Câmara dos
Deputados vem de aprovar emenda que eterniza na Constituição um
prêmio à ilicitude. Perdoa dívidas com renegociações camaradas, reduz as
cotas de candidaturas negras e pardas, institui vantagens
tributárias, aumenta o poder discricionário dos dirigentes partidários e
estabelece um liberou geral para infrações passadas e futuras.
Pelo texto, partidos serão inimputáveis.
Poderão fazer o que bem entenderem ao arrepio da legalidade, pois estarão
constitucionalmente cobertos. Para sempre.
Não há como a sociedade aceitar, mas há uma
forma de os senadores frearem a derrocada, repudiando a ofensiva cheia de
tenebrosas intenções.
Triste ver a bancada negra aderir ao jogo
cínico de envernizar a proposta com alegados benefícios a
cotas. Não é do que se trata. No essencial a ideia são as vantagens financeiras
sem garantias específicas. Estas seguem submetidas às decisões dos dirigentes.
Estabelece-se, assim, o império da servidão
do Estado a interesses individuais perpetrados ao arrepio da legalidade.
Estimula-se, com isso, a disseminação de uma infecção que se alastra no
organismo institucional já combalido e que na teoria é defendido por aqueles
que na prática são seus piores algozes.
Um comentário:
É incrível uma jornalista desse porte não saber que todo pardo é negro,a distinção que o IBGE usa é entre pretos e pardos,negro não é cor,é etnia.
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