O Estado de S. Paulo
Foram maquiando o bicho, perfumando a mordida. E então, de repente, pimba
Rodrigo Pacheco avisa que a PEC do Esculacho
não terá tramitação acelerada no Senado. Pretende se distinguir do atropelador
Arthur Lira assim, com essa miséria. (Anseio inútil, unidos eternamente pela
institucionalização do orçamento secreto; sem miséria.) O texto – comunica –
passará pela Comissão de Constituição e Justiça. Oh!
Também passou pela CCJ da Câmara. E daí?
O cumprimento mínimo do rito legislativo
alçado a medida distintiva. Coisa de estadista. É como vamos, tal o
rebaixamento das expectativas. A PEC do Esculacho doravante desfilando sem
açodamento. Oh! Talvez seja o caso de agradecer.
Obrigado, Pacheco, por assegurar que uma emenda à Constituição receba os cuidados de Davi Alcolumbre antes de ir a plenário. É como vamos. Constituição e Justiça via Alcolumbre, por oposição a Lira.
Vamos aonde? A Câmara tentava votar a
pouca-vergonha desde o ano passado. Até a versão afinal encaixada, foram várias
as emboscadas para aplicar a indecência. Ora se vende que a redação aprovada
seria produto desidratado e menos nocivo. Balela. Tirou-se o bode da sala para
que a legislação em causa própria folgasse à vontade.
No que importava, nada mudou: perdoados os
partidos políticos de pagar as multas derivadas de leis eleitorais que seus
donos mesmos criaram. Chamam isso de anistia.
Autorizados doravante, quando de novas
infrações, a pagar com dinheiro do Fundo Partidário penalidades geradas até
mesmo pelo uso de caixa 2.
Afronta contra a qual não se deve perder
tempo; em dois anos a se promover novo indulto, e multa por caixa 2 nenhuma
será paga – nem com dinheiro público nem com qualquer outro.
Pacheco era contrário à PEC. Agora, escorado
nas tais mudanças no texto, diz não querer se posicionar sobre o mérito.
Estaria desinformado. O mérito não mudou. O que terá mudado? “Há um grande
entusiasmo de presidentes de partidos políticos” – declarou sobre o projeto. E
daí?
Há também grande entusiasmo de governadores
caloteiros de Estados endividados ante a proposta de Pacheco para lhes
rolar-aliviar as obrigações fiscais.
Empurrar crédito podre aos outros – a você –
nunca foi problema. Questão de tempo e forma.
Questão de oportunidade e discurso. A PEC do
Esculacho enfim aprovada na Câmara. Deputados influentes diziam que não
bancariam o troço – mui impopular – sem que o Senado viesse junto. Refugaram
algumas vezes. Foram maquiando o bicho, perfumando a mordida. E então, de
repente, pimba.
Fiquemos tranquilos. Será sem atropelos.
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